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Vitor Rocha
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 17:46
Uma professora da rede municipal de Camaçari foi apedrejada por alunos após uma aula de cultura afro-brasileira. O incidente ocorreu no dia 29 de outubro, na Escola Rural Boa União, em Abrantes, mas foi registrado pela Polícia Civil na última terça-feira (19). Segundo a educadora Sueli Santana, de 51 anos, uma das pedras a atingiu no pescoço, deixando ela afastada por três dias.
De acordo com a docente, as agressões verbais contra ela, que é de religião de matriz-africana, eram constantes. “Sempre fui chamada de bruxa, macumbeira, feiticeira e diabólica, todos os dias, quando chegava na escola. No dia 29 de outubro, eu estava corrigindo atividades no primeiro horário de aula quando três alunos desferiram as pedras”, disse Sueli à TV Bahia. Segundo a Polícia Civil, além da agressão física, os discentes dispararam ofensas discriminando a crença da educadora.
Em nota, a Secretaria Municipal de Camaçari (Seduc) informou que, ao saber da ocorrência na quinta-feira (21), prestou acolhimento à professora, estudantes e familiares da escola. “A Seduc reitera seu compromisso com a valorização da diversidade e do respeito às diferenças, sejam elas relacionadas a crenças, gênero ou cor, repudiando qualquer forma de discriminação”, declarou. A pasta afirmou que está apurando os relatos para compreender o que aconteceu.
Racismo religioso no transporte público
Uma idosa com a Bíblia na mão foi presa por suspeita de injúria racial e intolerância religiosa na Estação Bonocô, em Salvador, no último sábado (23). Testemunhas denunciam que a mulher de 75 anos pegou no fio de contas - colar sagrado usado por religiosos do candomblé - de uma outra passageira, de 39 anos, e disse que a vítima deveria servir a Deus.
"A moça estava com a conta do candomblé. Ela desfez da moça", diz um homem no local, em um vídeo que circula nas redes sociais. Nas imagens, a suspeita se defende. "Deus deixou a religião aqui, olha, a Bíblia. Deus, você é meu pai, estou pegando a sua cruz. Jesus sofreu por todos nós", disse. Ela ainda afirma que é "preta igual a ela [vítima]" e "Deus fez preto e branco".
Policiais militares da 26ª Companhia Independente (CIPM/Brotas) atenderam a ocorrência e, ao chegar no local, encontraram os envolvidos, que foram encaminhados à Central de Flagrantes para a adoção das medidas cabíveis. A presa está à disposição do Poder Judiciário.
Em nota, a CCR Metrô Bahia informou que repudia qualquer tipo de intolerância e desrespeito e, no episódio, agentes de Atendimento e Segurança acionaram a Polícia Militar.