Professor universitário denuncia abordagem truculenta da PM: 'preconceito estrutual'

Em nota, a PM disse que investigava furto de celulares e que o homem teria agredido e desacatado os militares

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  • Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2023 às 11:31

O professor universitário e nutricionista William Silva denunciou ação truculenta de PMs
O professor universitário e nutricionista William Silva denunciou ação truculenta de PMs Crédito: Reprodução/Instagram

O nutricionista e professor universitário William Silva usou suas redes sociais para denunciar um episódio de truculência da Polícia Militar no São Pedro de Ipiaú, na madrugada de sexta-feira (30). De acordo com uma postagem em seu perfil no Instagram, William contou que estava no camarote do evento quando foi abordado por policiais militares da 55ª Companhia Independente (Ipiaú).

"Me sinto a pior pessoa do mundo. Fui ridicularizado e injustiçado"

William Silva, professor universitário
Professor universitário que denunciou ação truculenta de PMs

“Sob comando do tenente coronel Jocevã, (os PMs) chegaram com cacetes, me empurrando para a parede e me julgaram de ter furtado três celulares. Esses policiais são altamente despreparados, sem capacitação, sem abordagem adequada. Quem me conhece sabe que sempre estudei e sou trabalhador, uma pessoa idônea, não preciso roubar”, relatou, no post.

William ainda disse que, durante a abordagem, chegou a dizer que não era ladrão e bandido, mas que era professor. Ele chamou o episódio de “preconceito estrutural”. “Só estou divulgando aqui porque preciso dar voz às pessoas pretas que passam todos os dias pelo julgamento do preconceito estrutural. Vou procurar a Justiça e todos os meus direitos, porque nunca passei tanta vergonha”, desabafou.

A UniFTC, instituição em que William atua como docente e coordenador, divulgou uma nota de solidariedade em suas redes sociais. William é coordenador dos cursos de Nutrição nos campi de Itabuna, Jequié e Vitória da Conquista.

“Estamos profundamente consternados com o tratamento injusto e humilhante que o professor William Silva enfrentou. Repudiamos veementemente qualquer forma de discriminação”, diz a diretora da UniFTC de Jequié, Milena Bahiense.

Ainda no comunicado, a diretora ressaltou que o professor é “uma figura respeitada e admirada” na comunidade acadêmica, sendo formado em Nutrição e Dietética, Pedagogia e com mestrado em Bioengenharia.

O Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região (CRN-5), que compreende os estados de Bahia e Sergipe, também manifestou apoio em nota. William é um dos conselheiros do órgão. “O CRN-5 repudia veementemente qualquer forma de injustiça, e reafirma que essas práticas são contrárias aos valores e princípios que norteiam o Sistema CFN/CRN”, informaram.

Outro lado

A Polícia Militar, por sua vez, afirmou que os PMs foram acionados para investigar uma denúncia de furtos de celulares no camarote do evento.

“Ao chegar ao local, os militares foram informados pelas vítimas sobre um possível autor dos furtos. Os PMs se aproximaram do homem para esclarecer o fato e foram recebidos de maneira agressiva”, dizem, em nota.

Ainda de acordo com a PM, o professor teria esboçado reação de fuga, empurrado e desacatado os policiais. “Durante a condução dos envolvidos ao posto policial, o homem agrediu um dos policiais militares com seus braços e pernas”, acrescenta a corporação.

A Polícia Civil informou que não realizou autuação ou instaurou inquérito contra o professor e que "registrou o fato como atípico, já que não havia indício de crime cometido por ele". Ainda de acordo com a nota, "seguindo as investigações, para esclarecer o que de fato aconteceu dentro do camarote, o conduzido [professor] e os policiais militares que o levaram à unidade já foram ouvidos, e a Delegacia coletará outros depoimentos de testemunhas ao longo da semana".