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Procura por lambreta cresce, e preço dispara na capital baiana

Bares e restaurantes enfrentam escassez do alimento

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 05:30

Quando encontrado, alimento é pequeno e não agrada os donos de restaurantes
Quando encontrado, alimento é pequeno e não agrada os donos de restaurantes Crédito: Paula Froes

A regra é clara: quanto mais gente procurando, maior será o preço. Em Salvador, donos de bares e restaurantes enfrentam o aumento de até 67% do preço da lambreta. O alimento, que é coletado em manguezais do Baixo Sul e Recôncavo da Bahia, está escasso em plena alta temporada, quando baianos e turistas lotam estabelecimentos em busca da iguaria. 

Oferecer lambreta para os clientes está mais difícil e caro. Donos de restaurantes especializados no preparo do marisco contam que a dúzia vendida por R$12 há alguns meses, agora custa R$20. "Mesmo pagando mais caro, ainda é complicado encontrar. Fiz um pedido de 100 dúzias, na semana passada, e só 30 foram entregues", conta Eliene Cunha, do Koisa Nossa, tradicional restaurante localizado na Mouraria.  

Lambreta é um molusco encontrado em mangues. De nome científico Lucina pectinata, a iguaria é comumente servida como entrada, cozida e acompanhada do caldo. Os animais são chamados de biondicadores, por serem sensíveis às mudanças climáticas. Segundo especialistas, elas pode ser uma das causas da diminuição da oferta. O aumento da demanda no verão também implica na escassez. 

Ricardo Oliveira, dono do Boteco Lambretão, em Itapuã, evita repassar o aumento de preço aos clientes, mas conta que está difícil fechar a conta. "Costumo comprar 80 dúzias dos fornecedores porque sei que é quantidade média que vendo no restaurante. Há alguns meses o preço está subindo, cheguei a pagar R$22 por dúzia", diz o empresário, que cobra, em média, R$35 dos clientes. 

Os manguezais de cidades como Cairu, Valença, Taperoá, Nilo Peçanha e Maragogipe são os principais locais de exploração. Na vila de Guarapuá, na Ilha de Tinharé, marisqueiras coletam lambreta há mais de 30 anos. A pesca e a mariscagem são as principais fontes de renda e alimento dos moradores da localidade.

“Estamos no auge do verão e a lambreta está sendo muito requisitada. A produção, que é artesanal, não consegue acompanhar a demanda”, diz Roberto Pantaleão, assessor técnico da Bahia Pesca. Os mariscos de duas conchas são os primeiros a sentir qualquer alteração no meio ambiente. Se ocorrer uma enxurrada, por exemplo, eles ficam fechados durante dois ou três dias. E não suportam agressões mais severas”, completa.