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Perla Ribeiro
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 08:44
Foi preso, nesta quarta-feira (13), o principal suspeito de ter assassinado João Vitor Santos Silva, 17 anos. O estudante foi morto pouco antes das 20h do dia 14 de outubro, quando chegava em casa, na Rua Dez de Outubro, no bairro do Uruguai. Ele chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Antônio, mas não resistiu. A polícia já tinha um mandado de prisão preventiva contra o suspeito, que foi localizado, no bairro do Curuzu, nas primeiras horas de hoje, pelas equipes do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC), através da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR).
A polícia apreendeu com o suspeito duas motocicletas com registro de roubo e uma pistola com numeração raspada. O acusado foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma, receptação e roubo. Ele confessou ser o autor de umassalto, na semana passada, que resultou na subtração de uma das motocicletas encontradas em seu poder. Submetido a exame de corpo de delito, ficará custodiado na DRFR à disposição da Justiça.
Apontado como um assaltante contumaz, o homem preso nesta quarta estava acompanhado de um comparsa que ainda não identificado, a bordo de uma motocicleta. Eles abordaram a vítima na porta de casa para roubar o celular e, mesmo sem reação, dispararam contra João Vitor que não resistiu a gravidade dos ferimentos. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que as diligências da Polícia Civil da Bahia prosseguem no sentido de elucidar quem mais participou do crime e também dos roubos das motos recuperadas.
Na ocasião do crime, o pai do adolescente, Roberto Teixeira da Silva contou que o filho estava voltando do trabalho e chegou a chamar por ele quando foi abordado pelos bandidos. "Levaram a vida do meu filho na porta de casa. João estava voltando do trabalho dele em um hortifruti da Rua Direta do Uruguai. Quando teve o barulho do tiro, em seguida, ouvi João gritar 'meu pai'. Na hora que saí na janela, ele já estava no chão. Corremos para levar ele na UPA e lá, depois de uns 60 minutos, veio a notícia que ninguém queria ouvir", contou, um dia após o latrocínio.
Segundo familiares, a vítima foi atingida no pescoço pelo disparo realizado por um dos assaltantes. Roberto fala ainda que não chegou a ver os criminosos no momento em que foi dar socorro ao filho. "Eu ouvi só estouro e também um barulho de moto subindo. Apesar do povo ter falado e de ter saído rápido, não vi quantas pessoas tinha na moto, a cor da moto, não vi nada. Só vi meu filho no chão. Eu peguei ele na mesma hora, coloquei no carro, mas ele já foi desfalecido. Senti que ele já estava sem respiração", relata o pai.
Quem era João Vitor
João Vitor era definido por todos como um menino tranquilo, trabalhador e alegre. Ele foi morto há pouco menos de um mês de ter começado no primeiro emprego. Ele queria ter independência financeira e nutria, junto com amigos do Colégio da Polícia Militar Luiz Tarquínio – onde estudava –, o sonho de se tornar policial das Forças Armadas.
O sonho da carreira, inclusive, foi o mais duradouro que ele já teve. Isso porque, ao longo da vida, muitas foram as profissões já cogitadas, conforme conta o pai Roberto Teixeira da Silva. “No momento, ele queria ser das Forças Armadas, mas já quis ser jogador de futebol, gamer e jogador de basquete. Ele era maravilhoso, amado, querido, doce, prestativo. Era fora de série. Dormia comigo desde pequeno na cama, até essa idade. Agora, não vai dormir mais”, lamentou.
Na escola, João Vitor era um aluno aplicado e considerado excelente pelos próprios professores – que não quiseram dar entrevista, mas fizeram questão de ressaltar o desempenho acima da média que o jovem tinha. Já no último ano do Ensino Médio, era ao lado de Ananda Silva e mais outras duas amigas que ele vivia alguns dos melhores momentos do dia, sendo considerado, carinhosamente, o ‘pontinho azul’ do grupo.
“Ele gostava de basquete, jogar bola e trap. Nos víamos no corredor e ele sempre foi muito brincalhão, sabia se entrosar com as pessoas e foi assim que surgiu nossa amizade. [...] Ele era o melhor amigo. Sempre estava comigo para tudo e me escutava”, afirmou, sem conter as lágrimas.