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Millena Marques
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 03:00
Conhecida popularmente como pressão alta, a hipertensão arterial é considerada um dos fatores de risco metabólico que mais contribuem para todas as causas de óbito e para a morbidade e mortalidade por doença cardiovascular (DCV) no mundo. No Brasil, os dados mais recentes indicaram que a condição crônica multifatorial atinge cerca de 27,9% da população, de acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023. >
O mesmo levantamento do Vigitel apontou que a prevalência do diagnóstico médico é maior entre mulheres (29,3%) do que entre homens (26,4%) nas 27 capitais brasileiras. Em ambos os sexos, a frequência aumentou com a idade e diminuiu com o nível de escolaridade. >
O aumento da pressão arterial é ocasionado pelo excesso de sódio no sangue. O sal comum, aquele utilizado no preparo dos alimentos é o cloreto de sódio, um composto iônico formado por uma molécula de sódio e uma molécula de cloro. Com o consumo elevado desse composto, há riscos potenciais de elevar os valores da pressão sanguínea (≥ 140 mmHg e/ou ≥ 90 mmHg). >
A maioria dos alimentos que entram nas casas brasileiras são compostos por conservantes baseados em sais, que possuem sódio. Ou seja, não é somente o sal da cozinha responsável pela elevação da pressão. "É o sal usado em elementos para dar palatabilidade ou para preservação", explica o médico cardiologista Marcos Barojas, diretor da Associação Bahiana de Medicina.>
A taxa de mortalidade por hipertensão arterial no Brasil atingiu, em 2021, o maior valor nos últimos dez anos. No total, foram 18,7 óbitos por 100 mil habitantes, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), publicados pelo Ministério da Saúde. >
Além da relação com o consumo excessivo de alimentos ricos em sal, a predisposição genética e a falta de exercícios físicos contribuem significativamente para o desenvolvimento e evolução da doença, assim como o tabagismo e o consumo de álcool. >
“É de fundamental importância o diagnóstico precoce para determinar o tratamento. Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível que as pessoas tenham acesso a uma vida mais saudável”, destacou a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Maria del Carmen Molina, à época. >
Segundo Marcos Barojas, na maioria das vezes, a hipertensão arterial não apresenta sintomas. Está ai, inclusive, o perigo. "A gente não consegue saber se uma dor de cabeça, a tontura, mal-estar, que eleva a pressão. O que é muito comum é a pressão estar alta e a pessoa não sentir nada", revela. Quem tem hipertensão possui riscos elevados de ter insuficiência cardíaca, infarto, cegueira e alterações vasculares como o Acidente Vascular Cerebral (AVC). "Não se deve gerar expectativa de estar com pressão alta quando tem sintomas", pontua. >
Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontou que os brasileiros consomem, em média, 9,34 gramas de sal por dia, quase o dobro recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5 gramas. >
Os alimentos campeões em sódio são os ultra processados, como embutidos (linguiça, salsicha, presunto); alimentos congelados prontos para consumo, como lasanhas prontas; hambúrguer; temperos industrializados, como caldos de vegetais em cubos; molhos prontos; macarrão instantâneo; entre outros. Há, também, uma quantidade de sódio considerável nas bebidas gaseificadas com zero adição de açúcar.>
"Um pacote de macarrão instantâneo, por exemplo, tem cerca de 1.400 mg de sódio em uma unidade, o equivalente a 70% da quantidade que deveria ser consumida diariamente", conta Carine Oliveira, nutricionista clínica e especialista em Cardiologia. >
A hipertensão arterial não tem cura, mas pode ser evitada com uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios físicos. O Ministério da Agricultura e Pecuária lançou, em 2014, um Guia Alimentar para a População Brasileira, que indica que a rotina alimentar contemple alimentos in natura e minimamente processados. >