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Larissa Almeida
Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 20:31
Salvador vai contar com um chatBOT via Whatsapp que funcionará como um canal de denúncias de casos de violência contra a mulher e espaço de informações sobre o tema durante o Carnaval. A novidade foi idealizada pela Prefeitura de Salvador e faz parte da campanha “Tô Na Rua, Mas Não Sou Sua", uma iniciativa que reforça o combate ao assédio e à violência contra as mulheres durante a folia. >
A campanha chega em um momento crítico, considerando os números alarmantes de violência de gênero no Brasil. Em 2024, o país registrou aproximadamente 78.463 casos de estupro, o que equivale a 214 vítimas por dia, ou cerca de nove ocorrências por hora, segundo dados do Ministério da Justiça. Do total de vítimas, 67.883 eram mulheres. >
Na Bahia, em 2025, já foram registrados 284 denúncias de crimes sexuais, de acordo com o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Esses números reforçam a urgência de medidas preventivas e de acolhimento, especialmente em eventos de grande porte, como o Carnaval. >
Com a ferramenta virtual lançada neste ano, o intuito é transformar o Carnaval de Salvador em uma referência no combate ao assédio sexual, transformando a maior festa de rua do planeta em um ambiente mais seguro e respeitoso. O chatBOT foi feito para que a vítima, ou quem a esteja auxiliando, possa ter informação e suporte para lidar com situações de assédio e/ou violência à mulher. >
Além da tecnologia, a Prefeitura informou que, na folia, equipes estarão espalhadas por pontos estratégicos da cidade, abordando foliões e distribuindo materiais informativos que trazem um QR Code direto para o canal de denúncia. A fim de que todo espaço esteja coberto, o mesmo recurso será disponibilizado nos camarotes, trios, palcos de bairros, transporte público, onde serão fixadas mensagens e lembretes garantindo acesso rápido para quem precisar de ajuda. >
Capacitação e mobilização para um Carnaval mais seguro >
Um agente essencial da campanha é a capacitação dos ambulantes credenciados para atuarem na festa. Eles já estão sendo orientados para identificar e denunciar situações de assédio e violência. Para essa capacitação, a Prefeitura conta com o suporte da Organização Livre de Assédio, referência em ações e capacitações de agentes sociais e empresas na luta anti-assédio, que auxilia no desenvolvimento de protocolos de ação e na comunicação segmentada para os diversos públicos. >
Os Centros de Atenção à Mulher também terão um papel fundamental nessa ação, oferecendo apoio psicossocial e jurídico em dois pontos estratégicos: nos circuitos Dodô (Barra/Ondina) e Osmar (Campo Grande/Praça Castro Alves). Essas estruturas atuarão em parceria com a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e a Guarda Civil Municipal, buscando garantir uma resposta imediata às denúncias e assistência adequada às vítimas. >
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, destacou a relevância da campanha e o compromisso da gestão municipal com a segurança das mulheres. "O Carnaval é uma festa de alegria e celebração, mas não podemos fechar os olhos para os casos de assédio e violência. Com a campanha 'Tô Na Rua, Mas Não Sou Sua', reafirmamos nosso compromisso em garantir que todas possam aproveitar a folia com segurança e respeito”, explica. >
A titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo, ressalta a importância da mobilização da sociedade e das iniciativas que garantam uma resposta rápida e eficaz. "A campanha faz parte do projeto ‘Alerta Salvador’, que amplia as ações da Prefeitura de Salvador e fortalece parcerias estratégicas e iniciativas educacionais realizadas durante todo ano através de políticas públicas e ações de enfrentamento. Nosso objetivo é garantir maior adesão da população e consolidar Salvador como referência na proteção às mulheres. Para este Carnaval, estamos investindo em tecnologia, atendimento especializado e ações estratégicas para fortalecer o combate ao assédio", ressalta.>
Boas práticas para prevenção da violência >
Identifique sinais de perigo: mulheres chorando, encolhidas ou buscando contato visual com a equipe podem estar sendo coagidas. Aproxime-se, pergunte se está tudo bem e ofereça ajuda; >
Monitore áreas de risco: cantos escuros, corredores e ruelas podem facilitar situações de abuso. Rondas frequentes e iluminação adequada ajudam a evitar incidentes; >
Fique atento ao golpe do drink adulterado: se notar uma mulher desorientada ou andando sem rumo, leve-a imediatamente ao posto médico; >
Capacite toda a equipe: funcionários da limpeza e atendimento ao público também devem ser treinados para reconhecer e relatar situações suspeitas; >
Facilite o pedido de ajuda: cartazes informando os pontos de acolhimento e canais diretos para denúncias são essenciais. >
Como agir em casos de importunação sexual? >
1) Acolha com respeito: receba a vítima sem julgamentos; >
2) Ouça com atenção: permita que ela se expresse livremente; >
3) Ofereça um local seguro: um espaço reservado pode ajudá-la a se sentir protegida e decidir seus próximos passos; >
4) Pergunte se ela deseja acionar sua rede de apoio: direcione-a para um dos pontos de atendimento disponíveis. >
Rede de atendimento no carnaval >
CRAM Campo Grande – Praça do Campo Grande. >
CRAM Barra/Ondina – Rua Sabino Silva. >
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) – Shopping Barra. >
Casa da Mulher Brasileira – Caminho das Árvores: acolhimento por equipe multidisciplinar e jurídica, com encaminhamento para delegacias, se necessário. >
Delegacias Especiais de Área (DEAs): localizadas nos circuitos carnavalescos, permitindo atendimento direto nos locais de festa. >
Se a vítima estiver desorientada por álcool ou outra substância, a recomendação é encaminhá-la ao posto médico antes que tome qualquer decisão. Equipes de segurança devem impedir que mulheres desacompanhadas e em estado de vulnerabilidade saiam sozinhas. >
Para casos de violência física ou sexual, a orientação é acionar o SAMU (192) imediatamente. Em caso de estupro, a vítima deve ser encaminhada à Casa da Mulher Brasileira para atendimento especializado. >
Se a violência ocorrer em contexto de relacionamento, mesmo sem registro formal de queixa, a vítima não deve ser entregue ao agressor. A equipe de segurança deve garantir acolhimento e proteção. >