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Carol Neves
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 15:04
A prefeitura de Salvador inaugurou, nesta terça-feira (17), a Bebeteca Antirracista Curumim, que vai buscar aproximar bebês e crianças na primeira infância do universo da leitura, com um víés de combate à discriminação racial. O espaço fica na Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Periperi, no Subúrbio.
Essa é a primeira bebeteca antirracista do Brasil, de acordo com a prefeitura. O projeto é piloto e a ideia é que outros espaços do tipo sejam inaugurados seguindo o modelo nas unidades de ensino do município. A estrutura vai beneficiar 180 crianças da creche e pré-escola, mas também ficará aberta para uso da comunidade ao redor.
O prefeito Bruno Reis e o secretário municipal da Educação (Smed), Thiago Dantas estiveram no local para a inauguração. “Nesse espaço, as crianças terão um primeiro contato e começarão a entender, a valorizar as suas origens, a sua história, toda a sua potência, toda a sua força, para que tenham orgulho. E aí, desde cedo, a gente está fazendo nas escolas o combate ao racismo estrutural, que é um objetivo do nosso trabalho. A primeira infância é uma das fases mais importantes da vida do ser humano. É quando a gente começa a formar os nossos princípios, os nossos valores. Sem sombra de dúvidas, vamos ampliar esse trabalho na nossa rede de ensino”, disse Bruno.
A iniciativa busca aproximar crianças do universo da leitura partindo da premissa do combate ao racismo e à discriminação racial. O espaço se guia pela equidade e a valorização das culturas africana, indígena e afro-brasileira, especialmente na fase inicial de contato das crianças com a linguagem escrita.
Foi feita uma curadoria artística e literária para que todos os elementos presentes representassem as diversas infâncias. O mobiliário é da altura das crianças e pode ser arrastado por elas para ser um espaço desconstrutivo. Mais de 300 livros foram doados pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), sendo a maioria escrita por autores negros. A bebeteca traz também uma decoração lúdica, com elementos de musicalidade, como atabaques, pandeiros, berimbaus, cocares, entre outros.
Proposta inédita
O secretário Thiago Dantas destacou o ineditismo da ação no Brasil. “É um projeto pioneiro na rede, que dialoga com toda a proposta da Prefeitura de promover a educação antirracista. E aqui as crianças, não apenas da escola, mas de todas as escolas do entorno e da comunidade, terão acesso a um espaço estruturado, justamente para valorizar todas as questões que dizem respeito às relações étnico-raciais, e tudo isso contribuindo para um processo de educação integrado, integral e pleno”, disse.
Ele também garantiu que a iniciativa vai se espalhar para outras unidades de ensino, acompanhando o projeto-piloto. “A gente precisava começar por alguma unidade, e esse espaço aqui foi selecionado porque tinha as condições adequadas para receber esse equipamento, mas é uma proposta que tem grande potencialidade de se tornar uma ação de toda a rede, em especial no segmento da primeira infância. É algo crucial para, desde cedo, fortalecer as questões de identidade, fortalecer essa ideia a respeito da necessidade de se respeitar e de se valorizar as questões de letramento racial”, acrescentou.
Além disso, a iniciativa visa envolver a comunidade escolar nas ações da biblioteca possibilitando a exploração do espaço e o contato com as questões étnico raciais; abrir espaço de leitura antirracista para a comunidade municipal e comunitária do entorno da creche; reconhecer nas falas e comportamentos das crianças no cotidiano da creche atitudes antirracistas e de valorização identitária; colaborar com a construção de caminhos de reflexão antirracistas dentro do âmbito institucional.