Prefeitura anuncia novos ônibus elétricos para a frota de Salvador

Primeiras unidades começam a chegar no final de 2025

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  • Gil Santos

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 13:57

Ônibus elétricos no terminal de eletrocarga Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

A frota de ônibus elétricos de Salvador será ampliada com a chegada de mais de 100 novos veículos. Atualmente, há oito modelos desse tipo em operação, todos nas linhas do BRT. A expectativa é de que as primeiras unidades comecem a chegar no final de 2025.

O anúncio foi feito em um evento sobre capacitação em eletromobilidade, promovido pelo Ministério das Cidades, em parceria com a WRI, que começou ontem e segue até amanhã, em Salvador. O objetivo é discutir o avanço dos ônibus elétricos nas cidades.

Na capital baiana, o município vai usar o recurso destinado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, e linhas de financiamento obtidas com o Banco Mundial para comprar os novos veículos. Os ônibus elétricos que operam hoje são modelos que têm 13 metros ou 15 metros de extensão, com capacidade para 88 passageiros. Os novos podem chegar a 18 metros, 21 metros e 23 metros de comprimento, com vagas para 170 pessoas por viagem.

Um coletivo elétrico pode levar de três a oito meses para ficar pronto e custar de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões, dependendo do modelo escolhido. Por isso, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que ainda não definiu o número exato de coletivos que serão comprados.

A estimativa pode variar de acordo com as taxas, os prazos de fabricação e os modelos disponíveis no mercado. O objetivo é priorizar a indústria nacional, mas mercados internacionais não estão descartados.

A capacitação em eletromobilidade está sendo realizada no Centro de Formação de Professores Emília Ferreiro, no Costa Azul, local onde fabricantes estão expondo produtos e representantes de 20 estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco, estão trocando informações e conhecimentos.

O secretário nacional de Mobilidade Urbana, Denis Andia, explicou que o PAC destinou R$ 10,6 bilhões para a renovação de frotas no Brasil e que cerca de R$ 8 bilhões desse montante será destinado aos modelos elétricos. O secretário lembrou também que cada município precisa fazer o processo licitatório e o projeto de implantação do serviço, como a construção dos eletroterminais e a compra dos coletivos.

“Estamos na etapa em que os entes públicos, prefeituras e governos dos estados, podem se capacitar e relacionar todas as suas obrigações e responsabilidades para a contratação. O que estamos colaborando é com as especificações técnicas, capacitação e as informações sobre infraestrutura de recarga. Etapas importantes para que os recursos possam chegar com segurança e confiança”, afirmou o secretário.

Ele frisou que o investimento em sustentabilidade é uma prerrogativa da gestão e que o objetivo é colocar o Brasil entre as principais nações no volume de eletrificação das frotas. Ele ainda afirmou que a indústria brasileira tem capacidade de suprir as demandas iniciais do programa. A meta é colocar nas ruas 2,3 mil veículos elétricos com os recursos do PAC.

Veículos sendo carregados Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Teste no BRT

Em setembro, um modelo elétrico de 23 metros de comprimento da BYD vai operar no BRT em fase de teste. É o maior coletivo do modal e o objetivo é avaliar o desempenho dele nas ruas de Salvador. Atualmente, a capital baiana tem a terceira maior frota do país, atrás de São Paulo (SP) e São José dos Campos (SP). O secretário municipal de Mobilidade, Fabrizzio Muller, destacou a importância do investimento.

“Essa é uma tendência no mundo, apesar de ainda ser embrionário no Brasil. Em Bogotá, na Colômbia, são mais de mil ônibus elétricos. No Brasil, a gente não tem nem 200 modelos de bateria no país inteiro. Precisamos avançar porque esse é o futuro da mobilidade. O Brasil tem grande parte da sua matriz energética limpa, o que permite que a gente tenha essa transição energética de forma sustentável”, disse.

O secretário também apontou as vantagens do coletivo elétrico como a manutenção mais barata, menos vibração, redução de ruídos e mais conforto. Segundo a Semob, estudos apontam que um veículo tradicional custa R$ 2,03 por km rodado, enquanto nos modelos elétricos a despesa é de R$ 0,90. Em relação aos custos operacionais, a economia é de 30% em comparação aos motores com combustão a diesel.

Atualmente, Salvador tem o maior terminal de eletrocarga do país. A estrutura fica ao lado da Estação Rodoviária de metrô e tem capacidade para recarregar 20 ônibus simultaneamente. Outra estrutura será construída no Vale dos Barris, onde devem ficar os maiores modelos da frota.

A capacitação e a infraestrutura de recarga, debatidos no evento em Salvador, fazem parte de um conjunto de seis etapas que estão trabalhando a contratação, as especificações dos ônibus e as modelagens. No auditório estavam secretários, diretores e outros servidores públicos do setor de mobilidade, donos de empresas de ônibus, fabricantes de coletivos e representantes de instituições internacionais ligadas a esse universo.