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Economista e baianas de acarajé apontam fatores como localização e tamanho do quitute
Emilly Oliveira
Publicado em 24 de novembro de 2023 às 08:00
O cheiro do dendê pode ser inconfundível, mas a depender de onde o tabuleiro da baiana de acarajé esteja instalado em Salvador, o preço da iguaria pode variar entre R$ 3 a R$ 18, segundo a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos da Bahia (Abam). Outro levantamento feito CORREIO ainda mostrou que em versões menores o preço chega a R$1.
No Largo de Amaralina, a baiana de acarajé Sueli Bispo, 48 anos, vende o bolinho de R$10 com camarão e de R$12 sem o condimento. Ali próximo, no Nordeste de Amaralina, bairro popular de Salvador, a quituteira Leni Barbosa, 54 anos, vende a iguaria por R$3 sem camarão e R$4 com ele. Há ainda a opção de um bolinho menor por R$1 sem camarão e R$2 com camarão.
A explicação que cada uma dá para estipular o seu preço é a localização do tabuleiro. “Vai de cada baiana, eu me acostumei a colocar esse precinho aqui no bairro para que todo mundo possa comer e eu consiga ganhar o pão de cada dia”, explica Leni. Ainda segundo ela, reduzir o tamanho do bolinho é o segredo para manter o preço baixo e a qualidade alta.
Para Sueli, a renda dos clientes também é levada em conta na hora de definir o preço. “Aqui [em Amaralina] dava para vender mais caro, mas como as pessoas da comunidade também vem comer, a gente se planeja para conseguir vender mais em conta”, afirma Sueli.
Segundo o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-Ba), Edval Landulfo, no caso dos tabuleiros com acarajés mais caros, pelo menos dois fatores legitimam os preços: perfil turístico do bairro e tradição familiar.
“Temos casos de duas quituteiras famosas em Salvador, que já faleceram, Dinha e Cira, que aparecem entre os melhores acarajés de Salvador, então há uma tradição. Quando a família constrói esse nome, é porque tem uma qualidade, por isso você vai encontrar em bairros turísticos. Com uma renda per capita mais alta e um apelo turístico maior, você tem uma influência [no preço] do produto”, explica Landulfo.
Com orientação de Monique Lôbo