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Wendel de Novais
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 13:02
Mesmo sob forte chuva, o Cemitério Municipal de Brotas, em Salvador, ficou cheio na manhã desta terça-feira (20). Na rua em frente ao local, dois ônibus estacionaram para deixar familiares, amigos e vizinhos de Tatiana Alves Nascimento, 49 anos, vítima de feminicídio no último domingo (18), em Itapuã. Entre os que compareceram, o estado de choque e a revolta eram unânimes. >
A vítima foi morta dentro de casa, na Rua Rafael Jambeiro, por um ex-companheiro que não aceitava o fim do relacionamento. Ainda muito abalado com o caso, Denilson Nascimento, filho de Tatiana, mal conseguia falar sem segurar o choro, mas pediu por justiça e que o responsável pelo crime, que teve a prisão preventiva mantida em audiência de custódia, seguisse preso.>
"O resultado da audiência de custódia traz um pouco de alívio porque a Justiça está sendo feita, ainda que preventivamente. Ele precisa pagar pelo que fez, precisa responder pela covardia de tirar ela de todos que estão aqui. O pedido que a gente faz é por justiça para quem é responsável por esse crime", falou ele >
Ainda de acordo com Denilson, o fato do cemitério estar cheio em dia de semana e em horário comercial com chuva, só representava o quanto Tatiana era uma pessoa querida por todos. De acordo com ele, a mãe agregava e recebia bem a todos que conhecia no bairro de Itapuã.>
"Não era só minha mãe, ela era uma 'mãezona' para todos que estão aqui. Todo mundo está chorando aqui porque ela acolhia a todos, ajudava quem aparecesse na frente dela. Era amiga de todo mundo e é só você perguntar aqui para ver que as pessoas guardam as melhores coisas dela", completa.>
Amigos próximos a Tatiana endossaram o discurso de Denilson. De acordo com eles, ela era marcada por ser uma pessoa 'para frente' e que animava a todos que estavam com ela. "Era extrovertida, vivia com um sorriso no rosto e enfrentava qualquer dificuldade dessa maneira. Se você pedir para descreverem ela, sempre vão usar a palavra alegria porque ela sempre foi assim", conta Josefa Maria dos Santos.>
Até os vizinhos compartilhavam do mesmo depoimento. Ivonete Jesus, 60, morava ao lado de Tatiana e diz que era tratada como mãe por ela. "Me chamava de mãe e me tratava assim, com muito carinho. Conheço ela há 15 anos, a gente compartilhou muita coisa. Está sendo muito doloroso, difícil acreditar que ela tenha sofrido isso", fala ela, aos prantos.>