Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gil Santos
Publicado em 24 de julho de 2024 às 17:15
O Terminal de Containers do Porto de Salvador (Tecon) passou a operar uma nova rota com a Ásia, a partir desta quarta-feira (24). A primeira embarcação de grande porte, o MSC Orion, tem 366 metros de comprimento e capacidade para 15 mil conteineres. Ele atracou em Salvador, nesta quarta, vindo da China. O supenavio fez o carregamento e voltou no mesmo dia para a Ásia.
A capital baiana foi a primeira do país a operar uma rota direto com o Extremo Oriente. O presidente da Federação da Agricultura da Bahia, Guilherme Moura, disse que a ampliação da capacidade do porto pode ajudar o agronegócio do estado a alcançar outros mercados globais e também fortalece a cadeia produtiva, gerando mais empregos e renda e impulsionando a arrecadação de impostos.
"Cerca de 53% das exportações baianas vem do agro. Desta, 50% tem como destino a China, nosso grande parceiro comercial, e a chegada de um terminal como esse, com a possibilidade de estar trafegando uma nova rota, e com esse volume de 15 mil contêineres por embarcação, traz muita competitividade para o setor", disse.
Segundo a administração do porto, a nova rota marítima permitirá que o Norte e o Nordeste do Brasil se conectem de forma mais eficiente com os países da Ásia e permitirá que o Centro-Oeste e Sudeste encontrem alternativas aos gargalos logísticos inerentes à cadeia de suprimentos atual. O representante dos agricultores da região oeste e CEO do Instituto WP, Washington Pimentel, comemorou a ampliação.
"A Bahia é um dos grandes produtores de commodities agrícolas do país e a região Oeste desponta por eficiência. Boa parte da nossa produção de algodão não sai da Bahia, ela é encaminhada para Santos (SP), então, essa nova rota e essa ampliação da capacidade faz com que a gente possa trabalhar o embarque do algodão baiano pelo porto de Salvador, isso é incremento na cadeira produtiva e mais receita para a Bahia", afirmou.
A expectativa do setor é de que 20% a 30% do algodão produzido no estado seja escoado pelo porto soteropolitano, em 2025. Ele contou que existem estudos que apontam que uma economia estimada com a produção de algodão com logística seria de R$ 500 a R$ 600 milhões, por ano. O diretor executivo do Tecon, Demir Lourenço, comentou a mudança durante um evento realizado no porto, nesta quarta-feira.
"Essa é uma nova rota com escala direta para a Ásia, e o Extremo Oriente representa mais de 30% da nossa movimentação de longo curso. Hoje, toda essa carga tinha que passar por outros portos antes de vim para Salvador, isso não será mais preciso e o tempo de viagem foi reduzido em 23 dias. Serão escalas semanais", explicou.
Em 2023, o terminal operou 402 mil contêineres. Entre os principais segmentos da exportação que poderão se beneficiar desta linha direta, estão o algodão baiano, carne, frutas, celulose, químicos e petroquímicos. Nas importações, os segmentos de energia renovável, químicos e petroquímicos, automotivo, fertilizantes, eletroeletrônicos também serão mais competitivos.