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Larissa Almeida
Publicado em 18 de março de 2025 às 05:40
As áreas de Psicologia, Fonoaudiologia e Homeopatia são as três especialidades médicas com maior tempo de espera para marcação de consulta pelo Sistema Único de Saúde na Bahia. De acordo com a ferramenta criada pelo GLOBO, com base em informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e referentes ao ano de 2024, o tempo na fila pelo atendimento de psicólogos, fonoaudiólogos e homeopatas varia, em média, entre 18,2 e 20,7 dias. A média, apesar de menor comparada a outros estados brasileiros, não reflete a realidade de todos os baianos, que têm visto tais especialidades se tornarem artigos de luxo. >
No caso de Psicologia, o que leva à maior dificuldade de obter um atendimento ágil, dentre outros motivos, é a falta de estrutura. Isso é o que analisa Marcos Gêmeos, presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA). “Não tem Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) estruturado ou rede estruturada em alguns municípios. Nos municípios em que há redes, elas estão com péssimas condições e contratações precárias, que fazem, também, com que o atendimento demore”, aponta. >
A alta rotatividade de profissionais, bem como o desmantelamento da atenção básica, são outros fatores que contribuem para o maior tempo de espera na fila do SUS para atendimento psicológico. “Parte dessas consultas deveriam ser garantidas na atenção básica, mas tem municípios que sequer fazem o processo de cobertura”, frisa Marcos Gêmeos. >
Em algumas localidades, sobretudo no interior do estado, há escassez de profissionais, já que algumas cidades sequer se movimentam para garantir a presença de psicólogos na saúde básica. Isso acontece também, em escala menor, com os homeopatas e fonoaudiólogos baianos. Contudo, o principal problema que impede o atendimento mais célere com esses dois especialistas é a estruturação da saúde pública. >
“Se for contar a rede de Fonoaudiologia, dá para notar que tem muitos municípios que nem colocam a especialidade. A Homeopatia também precisa de um estímulo, porque são especialidades difíceis de os baianos conseguirem e que estão se tornando mais escassos”, afirma o presidente do CES-BA. >
Com frequência, ocorre de dependentes do SUS precisarem de algum dos atendimentos especializados e não conseguir marcação, mesmo na capital baiana, onde os serviços de saúde estruturado costumam chegar com maior frequência. Para Marcos Gêmeos, essa diferença de acesso se deve a múltiplos fatores, dentre eles à lógica de uma sociedade doente. >
“A sociedade, muitas das vezes, está sendo tratada só em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), quando deveríamos ter unidades que funcionassem todos os dias com a presença de especialistas. Então, é muito importante a reestruturação da rede pública de saúde. Se olhar para a região da Graça, Barra e Itaigara, não faltam opções de clínicas, mas em outras partes da cidade há a escassez de especialidades. Alguns profissionais chegam a ser inexistentes. [...] Então, precisamos discutir o fortalecimento de uma rede de saúde que cuide da saúde e faça a prevenção”, finaliza. >