Policiais rejeitam proposta do governo e realizam manifestação na Avenida ACM

Movimento ocorreu após assembleia com sete entidades representantes das polícias civil e técnica

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  • Gilberto Barbosa

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 22:00

Protesto aconteceu na Avenida ACM
Protesto aconteceu na Avenida ACM Crédito: Divulgação/Assessoria Sindpoc

Servidores das polícias civil e técnica protestaram no final da tarde desta sexta-feira (6) na Avenida Antônio Carlos Magalhães, em Salvador. A manifestação ocorreu após uma assembleia, realizada no bairro do Itaigara onde representantes de sete entidades da categoria rejeitaram a proposta salarial feita pelo Governo do Estado.

De acordo com o delegado da Polícia Civil (PC) Jesus Pablo Barbosa, que integrou a assembleia, cerca de mil pessoas acompanharam a passeata, que durou cerca de duas horas e interrompeu o trânsito na região. Ele contou que a caminhada foi motivada pela insatisfação dos policiais com o tratamento recebido pela gestão estadual.

"O governo tem exercido uma dinâmica de não valorização da Polícia Civil. Uma série de benefícios foram cortados, como o direito previdenciário, a fragilização do Planserv e o salário que é o pior do país para a categoria. Esse ato de hoje é um convite para reflexão da falta de estímulo que foi promovida para essa classe que atua diretamente no combate à criminalidade e que convive com riscos diários”, afirmou.

Em nota, o Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc) revelou que a assembleia contou integrantes de todas as categorias da polícia. A entidade conta que a proposta rejeitada pela categoria prevê um reajuste salarial de 11% a 12,47% dividido em três anos. Além da recusa, foram deliberadas a não participação da categoria no desfile da Independência e a suspensão de operações policiais.

"Nosso trabalho é de alto risco, de grande periculosidade. Enfrentamos todos os dias a violência e o crime organizado. Precisamos receber um salário que seja condizente com o risco que enfrentamos no nosso cotidiano e com a responsabilidade que temos de defender a sociedade civil e a segurança pública da Bahia. Queremos dar continuidade à negociação com a gestão estadual. Temos certeza de que com diálogo iremos alcançar a valorização dos nossos servidores", completou o presidente do Sindpoc, Eustácio Lopes.

Josué Pablo explicou que o salário é uma das grandes dores da categoria, não havendo reajuste em paridade com a inflação desde 2013. Ele falou que devido à baixa remuneração, a evasão de novos policiais é grande já que muitos não veem perspectiva de se sustentarem com a folha salarial.

“Um investigador tem o inicial líquido abaixo de três salários-mínimos. A evasão é muito grande, já que é voz corrente entre os recém ingressados a possibilidade de sair. Eles estão esquentando cadeira enquanto se preparam para outros concursos. A polícia perde com isso, porque formamos o homem e eles não ficam já que os mais qualificados vão para outros ambientes, causando uma deficiência de pessoal na corporação”, analisou.

Além da deficiência de pessoal, ele disse que as delegacias enfrentam problemas de organização de espaço, com unidades dividindo o mesmo espaço físico, resultando na insuficiência de equipamentos e que as viaturas enfrentam problemas de manutenção. Segundo o delegado, a intenção da categoria é equacionar o salário com a posição do estado no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

“A nossa grande luta é por dignidade salarial. Um exemplo é o salário inicial de um investigador que deveria ser o dobro do praticado atualmente, devido à complexidade da função. Estamos em um momento crítico, onde recebemos uma proposta ínfima quando esperávamos algo mais robusto. O sentimento do policial é de orfandade, de que fomos abandonados por um governo que prometeu que cuidaria bem da categoria”, concluiu.

A Assembleia foi realizada pelo movimento “Unidos pela Valorização dos Policiais Civis” representado pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Sindicato dos Delegados de Polícia (Adpeb), Sindicato dos Peritos em Papiloscopia (Sindpep), Sindicato dos Escrivães (Aepeb-Sindicato), Associação dos Investigadores (Assipoc), Sindicato dos Peritos Médicos e Odonto-legais (Sindmoba) e o Sindicato dos Peritos Criminais (Asbac).

A reportagem tentou contato com a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto e o texto será alterado em caso de retorno.