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Polícia investiga se empresa de cannabis medicinal era usada para tráfico de drogas

Operação deflagrada nesta segunda-feira (10) cumpriu 24 mandados

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Maysa Polcri

  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de março de 2025 às 12:28

Homem foi preso em Salvador
Homem foi preso em Salvador Crédito: Reprodução/Google

Uma operação contra a venda de 'maconha líquida' em Salvador mira uma empresa que tem autorização para vender cannabis para fins medicinais. A informação foi confirmada pelo delegado Guilherme Machado, que revelou que a substância foi encontrada em cigarros eletrônicos e até potes de geleia em um prédio localizado no Corredor da Vitória, área nobre da capital baiana. 

"O investigado tinha uma autorização, uma empresa, que tinha o viés de fornecer a solução de cannabis em líquido para pacientes que sofrem determinado tipo de patologia. Ocorre que, essa autorização, foi extrapolada, segundo as investigações", explica o delegado. Guilherme Machado não confirmou se médicos ou outros profissionais de saúde são alvo da investigação.

"A autorização não é para poder se comercializar canetas e vape. A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] não autorização a comercialização de níveis elevados de THC [...] Existem indícios de comércio ilegal de entorpecentes através desse tipo de material, em refils e canetas", completa Guilherme Machado.

Tetrahidrocanabinol (THC) é a principal substância psicoactiva encontrada nas plantas do gênero cannabis. A Anvisa autorizou a importação de produtos derivados de cannabis para fins medicinais por meio de prescrição médica em 2015. Diversos estudos comprovam que a maconha medicinal auxilia no tratamento de doenças como epilepsia e esclerose múltipla.

Líder do esquema

A operação tinha um alvo principal: Vitor Lobo. O suspeito, que teve mandado de prisão cumprido no prédio em que mora no Corredor da Vitória na manhã desta segunda-feira (10), foi preso por agentes do Departamento Especializado de Repressão ao Narcotráfico (Denarc). 

Uma fonte policial consultada pela reportagem afirma que Vitor tentava mascarar as ações criminosas. O suspeito chegou a ser presidente da Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED). “Ele fez e faz parte de grupos que defendem o uso da cannabis, a maconha, para uso medicinal em Salvador. Então, ele se valia disso para agir de maneira criminosa com a venda dessa maconha liquida”, afirma o policial, que terá o nome e função preservados.

Oficialmente, a polícia informou que a maconha líquida vendida por Vitor seria usada em cigarros eletrônicos, que são conhecidos como ‘vape’. 

O delegado Guilherme Machado detalhou quais serão os próximos passos da investigação. "Vamos fazer a análise de todo o conteúdo de documentos, materiais e equipamento eletrônicos que foram apreendidos. Agora, vamos aguardar a perícia para que a gente possa ter um desfecho de toda essa investigação", disse. 

A operação é realizada pela Polícia Civil da Bahia, por meio do Denarc. Maconha líquida, cigarros eletrônicos e outros materiais ilícitos foram apreendidos durante a ação.

Diligências estão em andamento em bairros de Salvador para cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão. Um homem suspeito também foi preso em São Paulo.