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Bruno Wendel
Publicado em 1 de outubro de 2024 às 12:46
Após denúncia do CORREIO sobre o caso de assédio sexual contra quatro investigadoras da 28° Delegacia (Nordeste de Amaralina) cometidos pelo delegado Antonio Carlos Magalhães dos Santos, a Polícia Civil confirma que a autoridade foi exonerada do cargo de titular da unidade devido aos episódios. >
De acordo com nota da Polícia Civil enviada ao CORREIO, "todas as medidas para investigar as denúncias de assédio sexual e moral contra o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos estão sendo tomadas pela Corregedoria da Instituição">
"As apurações iniciaram após relatos de quatro policiais civis, lotadas na 28a Delegacia Territorial (DT). As servidoras estão recebendo acompanhamento psicológico do Departamento Médico da Polícia Civil (Demep), enquanto o investigado foi exonerado do cargo de titular da unidade. Nova oitiva será realizada", diz nota. >
A Polícia Civil informa ainda que "ressaltamos nosso compromisso em esclarecer os fatos, para que todas as ações cabíveis sejam executadas". O delegado responde também por assédio moral contra uma das vítimas. >
Denúncias>
De acordo com as denúncias, feitas pelas servidoras ao sindicato de classe e, posteriormente, encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil, o delegado fazia piadas ousadas, toques corporais e convites para passeios de lancha.>
O delegado foi exonerado do cargo de titular da 28° DT, de acordo com a publicação no Diário Oficial de sábado (28). Esta é a segunda vez que ele é acusado do mesmo crime.>
"Estou tomando par das coisas agora. Vou à Correpol (Corregedoria da Polícia Civil)", disse o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos sobre sua defesa, por telefone, após ser indagado sobre os casos de assédio sexual. Perguntado se a exoneração tem a ver com as denúncias de suas colegas de trabalho, ele respondeu: "Meu afastamento é para a investigação. Estão tentando me prejudicar pegando uma coisa e fazendo a ligação com o passado", acrescentou.>
Há 17 anos, o delegado foi réu em um processo de estupro contra a uma adolescente. Na ocasião, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) apurou que a autoridade, quando era titular da 5ª DT Periperi, violentou e manteve em cárcere privado, em um hotel, uma jovem de 17 anos que foi até a 5ª DT prestar queixa conta dois homens que a estupraram. Ainda de acordo com a denúncia do MP-BA da época, em vez de enviar o caso para a Delegacia de Repressão de Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca), como é o procedimento de praxe nesses casos, o delegado Antônio Carlos instaurou inquérito, assumiu as investigações do caso e, após encaminhar a vítima para a realização de exames periciais, ele teria hospedado a adolescente em um hotel, ao invés de mandá-la ao Conselho Tutelar. >
A denúncia da época ainda acrescentou que o delegado e o então chefe do Serviço de Investigação da 5ª DT passaram a frequentar o hotel, onde mantinham relações sexuais frequentes com a adolescente. Em depoimento, a jovem relatou que no primeiro andar do hotel funcionava uma boate apontada como ponto de prostituição. Ainda segundo ela, depois de algum tempo sendo explorada, conseguiu telefonar para a mãe, que residia em Itabuna, e pediu ajuda. Após a denúncia do MP-BA ter sido acatada pela Justiça, o então governador do estado, Jaques Wagner, determinou, no dia 4 de maio de 2007, a exoneração do delegado, que atuava, no momento, como titular da Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos (DRFRV). >