PMs envolvidos em morte de subtenente que fazia segurança de ACM Neto são julgados

Subtenente Alberto Alves foi morto em Itajuípe enquanto preparava segurança de evento de Neto na cidade de Coaraci

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  • Wendel de Novais

Publicado em 18 de julho de 2023 às 10:40

Subtentente Alberto Alves foi morto em setembro de 2022
Subtentente Alberto Alves foi morto em setembro de 2022 Crédito: Reprodução

Os 13 policiais militares envolvidos na ação que terminou na morte do subtenente Alberto Alves dos Santos, 51 anos, que fazia a segurança de ACM Neto durante as eleições de 2022, são julgados nesta terça-feira (18) na Vara de Auditoria Militar, no Bonfim. Dez meses após o caso, que ocorreu no fim de setembro do ano passado em um hotel da cidade de Itajuípe, os PMs são julgados pelo crime de execução e também por tentativa de homicídio.

No hotel, além do subtenente, estava o sargento Adeilton Rodrigues D'Almeida, outro integrante da equipe de segurança de ACM Neto durante a campanha eleitoral. Ele foi atingido por cinco disparos, mas conseguiu sobreviver e será uma das testemunhas ouvidas na audiência. Além do sargento, outras duas testemunhas que estavam no local vão passar por oitivas. Os acusados, porém, não estarão na Vara e vão acompanhar o indiciamento e as falas das testemunhas por vídeo conferência.

A família do subtenente Alves está na Vara e fez apelo por justiça antes da audiência. A viúva do policial, Rita de Cássia Alves, cobra uma resposta da corporação.

"Eu espero justiça. Até o momento eu não tenho nada de resposta do meio da polícia, em cima da justiça. Era um homem honrado à polícia. Há 29 anos trabalhando na polícia para morrer desse jeito e a gente não tem nenhuma resposta. Espero que a polícia corra atrás da justiça porque até agora não temos nada da Justiça", disse.

Rita se emocionou ao falar de espera por justiça Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

No decorrer do julgamento, Rita e as duas filhas que teve com Alves acompanharam as testemunhas da acusação convocadas pelo MP-BA. Ela falou porque escolheu ver de perto o processo. "Esse momento é muito esperado, não tem um dia que eu não pense no que a polícia vai fazer porque isso não pode ficar impune. Eu, minhas filhas, os pais dele, a família e todos os amigos estão aguardando justiça", fala ela, ressaltando que não conseguiu desarrumar as coisas do marido até hoje pela falta que ele faz.

Sargento D'Almeida, que também foi baleado na ação em Itajuípe, ainda lembra do dia da morte do colega e também quer justiça. Ele lamentou que a audiência fosse à distância. "Graças a Deus, estamos aqui, me deixaram sangrando por muito tempo, acredito que o intuito seria que eu não sobrevivesse àquela ação. São 10 meses de espera pela primeira audiência. Eu queria olhar nos olhos daqueles algozes. Eu não tenho palavras para descrever o nível de profissionalismo daqueles profissionais", disse.

Apesar do julgamento também incluir a tentativa de homicídio feita contra ele, o sargento destacou a espera por justiça pela morte do seu colega. "Espero, principalmente, que paguem pela morte do meu amigo, nosso saudoso subtenente Alves. Foi por motivo torpe, não tinha necessidade nenhuma de matar ele, que confiou na instituição, saiu desarmado e teve a vida ceifada. Eles não precisavam disso, tinham ferramentas e efetivo para prender qualquer um sem matar ninguém", afirmou.

D'Almeida sobreviveu a cinco tiros e foi testemunha de acusação Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Relembre o caso

O subtenente fazia parte da equipe de segurança do candidato ACM Neto (União Brasil) e estava em Itajuípe para um evento de campanha que aconteceria no dia seguinte em Coaraci.

A SSP informou que a situação se originou com a busca por um assaltante de banco. Identificado como André Marcio Jesus, conhecido como Buiu, ele tem ligação com uma facção criminosa paulista e deixou o Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas na terça às 13h30, com benefício de saída temporária, usando tornozeleira eletrônica.

Por volta das 14h30, Buiu rompeu a tornozeleira, quando estava na BR-324, perto de Candeias. A PM deu início nas buscas e quando as equipes estavam em Uruçuca, também no sul do estado, um assaltante de banco identificado como Bismark e um comparsa foram abordados e trocaram tiros com os militares. Os dois foram mortos. Buiú segue como foragido.

Nas buscas, os policiais foram informados sobre a presença de homens armados em um hotel em Itajuípe e foram até lá. No local, dois homens foram abordados e não reagiram. A SSP informou, no entanto, que outros dois homens, armados, reagiram quando os PMs se aproximaram. Segundo a pasta, dois soldados que estavam em serviço foram baleados na ação. No tiroteio, os dois homens que estavam no hotel, posteriormente identificados como policiais, também foram feridos e um deles morreu.