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Vitor Rocha
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 06:00
O policial militar João Paulo Freire foi ouvido e liberado pela 3ª Delegacia de Homicídios na segunda-feira (16). O homem é apontado como suspeito de feminicídio pela família de Gleice da Silva Bonfim, jovem de 26 anos que foi encontrada morta no domingo (15). O agente havia se casado com a jovem há cinco dias quando o fato ocorreu. O policial não foi indiciado pelo crime e não é considerado foragido. Segundo a corporação, “não há elementos que o comprometam diretamente”.
A Polícia Civil informou que ouviu dez pessoas, incluindo o companheiro da vítima, o irmão dele e a mãe dos dois. Exames periciais para verificar vestígios de pólvora no companheiro foram solicitados e, até o momento, os laudos de necropsia, que podem esclarecer a causa da morte, ainda não foram concluídos. De acordo com a advogada criminalista Amanda Quaresma, ainda que o policial militar tivesse fugido da Justiça, esta ação, por si só, não configuraria agravamento na pena do homem, caso fosse condenado pelo crime de feminicídio.
“O Código Penal brasileiro não prevê a fuga como circunstância qualificadora ou agravante no cálculo da pena. Fugir é uma atitude natural do acusado e não pode ser considerado como uma confissão de culpa ou um fator para aumentar a pena no julgamento. No entanto, o contrário pode ser dito: se entregar e colaborar com as investigações pode diminuir a pena de um acusado de praticar algum crime”, explicou. Ela ressaltou, no entanto, que é necessário ter o caso em mãos para uma análise mais precisa.
Relembre o caso
Gleice foi encontrada morta com um tiro no abdômen e outro na cabeça dentro de sua própria residência no bairro do Bonfim. De acordo com informações de vizinhos, João Paulo afirmou que iria para um hospital buscar atendimento. No entanto, segundo a família, retornou para pegar alguns pertences e sumiu logo depois. O policial está lotado na 16ª Companhia Independente (CIPM/Comércio).
Ainda muito abalados, os familiares conversaram com a reportagem e confirmaram que ele voltou na casa para pegar a arma, as munições e o celular de Gleice. A Polícia Militar, porém, informou ter recolhido duas armas do PM - uma pistola de uso particular e outra pertencente à corporação -, mas não disse quantas o homem tinha. “Pegou a arma, botou no baú da moto e levou a mãe e o irmão. Além disso, levou o aparelho celular dela. Se não matou, por que ia fazer isso? Desde então, ninguém sabe dele”, falou um familiar, sem se identificar, afirmando que existe um vídeo que comprova isso.
Pelas redes sociais, Kelly Bonfim, irmã de Gleice, afirmou que os familiares estão com medo. ”Está sendo muito difícil para a família. Ele [o PM] não foi preso ainda. A família está com medo, não consegue mais raciocinar nada. Não deixe essa notícia cair. Queremos justiça pela vida da minha irmã”, disse ela em um vídeo publicado na manhã desta segunda-feira (16).
A reportagem teve acesso a um vídeo de como estava o apartamento de Gleice após ela ser encontrada morta. Nas imagens, é possível ver a casa revirada, com itens espalhados pelo chão e marcas do que pode ter sido uma briga.
Em nota, a Polícia Militar lamentou o ocorrido e se comprometeu a ajudar nas investigações: "A Polícia Militar da Bahia lamenta profundamente a morte registrada e presta solidariedade aos familiares e amigos da vítima neste momento de dor", declarou a corporação, em nota.