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Wendel de Novais
Publicado em 16 de abril de 2024 às 05:00
A facção do Comando Vermelho (CV), que ocupou o bairro de Mirantes de Periperi, já manda avisos para moradores a partir da sua instalação no local. Em um dos ‘informativos’ da organização, entretanto, criminosos revelaram um plano maior a partir da chegada em Mirantes: a ocupação de outros bairros do Subúrbio Ferroviário, na sequência. Entre eles, há destaque para Plataforma, citado no fim de uma mensagem que circula entre moradores de Mirantes. >
“População, vocês que não entram em nada, fique em casa porque vamos botar terror. Nós vamos para cima na força do ódio. Vocês aí, que estão passando fome nessa gestão, a hora é essa, o muro está baixo. Podem vir na pureza que vai ficar. Se não quiser, tem nada não, nós matamos vocês tudo. O recado está dado, Plataforma vai vermelhar”, declara o CV em mensagem. A facção carioca, entretanto, afirma que a guerra é direcionada ao Bonde do Maluco (BDM), que atua na região. >
Em outubro do ano passado, Plataforma foi palco de tiroteios entre as duas facções na Rua dos Araçás em plena luz do dia. O episódio provocou a interrupção de atividades escolares, bem como o esvaziamento das ruas. Naquela altura, em 10 meses, o bairro tinha registrado 19 tiroteios, 12 mortes e duas pessoas feridas pela violência armada, de acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado. >
Naquela época, antes do registro à luz do dia, traficantes do BDM e do CV trocaram tiros por dois dias consecutivos, de acordo com relatos de moradores ouvidos na época pela reportagem. Uma moradora, que preferiu não se identificar, deu detalhes do confronto. >
“Chegaram numa segunda e já começou o pipoco. Naquele dia, foi por volta das 22h, bem mais tarde. Na terça-feira, dia seguinte, aconteceu às 19h, e todo mundo entrou em pânico porque foi muito mais cedo e ainda tinha gente na rua. Os homens que vieram de fora [CV] ficaram escondidos no mato lá de cima, perto das bananeiras para trocar tiro com quem é daqui [BDM]”, explicou ela na época. >
Uma fonte da polícia, que prefere não se identificar, explica por que o CV tenta olhar para os outros bairros após a chegada de Mirantes. “Estamos falando de uma ação simbólica, em que o CV enviou diversos homens para o bairro com armamento pesado e até granadas. Além desse demonstrativo de força, se de fato conseguirem ficar como único grupo no local, eles passam a atuar em um bairro estratégico, que fica no alto e com saída rápida para diferentes áreas do Subúrbio”, fala. >
A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) não entra em detalhes ou nomeia os grupos que estão em conflito, mas garante que atua em Mirantes para acabar com os confrontos.>