Pioneira em Salvador, competição de levantamento de peso é sucesso entre as crianças

Evento, que foi realizado neste domingo (6), também teve competição entre adultos

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  • Brenda Viana

Publicado em 6 de agosto de 2023 às 16:18

Maria Alice, 5 anos, competidora do LPO
Maria Alice, 5 anos, competidora do LPO Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/ CORREIO

Dez, quinze, 50 quilos, ou até mais. Esses são os pesos que a maioria da população que pratica atividade física pega em academias ou boxes de crossfit. Mas neste domingo (6), os competidores de elite mostraram que 100 quilos é fichinha.

Durante a Copa Salvador de levantamento de peso, realizado na Estação Cidadania Élcio Nogueira da Silva, no bairro de São Rafael, em Salvador, os 55 atletas se prepararam bastante para performar na frente da bancada avaliadora, que estava com os olhares bem atentos para qualquer movimento errado.

Copa Salvador de levantamento de peso por Ana Lúcia / CORREIO

Os competidores, entre mulheres, homens e crianças, disputaram o Peso Olímpico, mais conhecido como LPO, além do levantamento terra em quatro baterias, que teve como vencedor Felipe François. O atleta conseguiu levantar um singelo 270 quilos, impressionando a todos que estavam na quadra esportiva.

"Eu treino há 8 anos em academia, há 4 para bodybuilding, e essa é a minha segunda competição. A gente já começa a se preparar meses antes, mas para quem faz competição, o treinamento é para a vida toda, com aquecimento, progressão de carga, condicionando a nossa programação neuromuscular para ajustar o corpo", explica.

Felipe François, vencedor da categoria levantamento terra
Felipe François, vencedor da categoria levantamento terra Crédito: Ana Lúcia / CORREIO

Mas engana-se quem acha que apenas os adultos conseguem levantar pesos pesados. Conhecido no país inteiro como uma das crianças com o maior condicionamento físico para a idade, o Carlos Pitanga, popularmente chamado de "Cacauzinho", de apenas 12 anos, é um competidor famoso no levantamento LPO.

Ele ficou conhecido quando vídeos dele fazendo treinos circularam nas redes sociais, deixando muita gente de boca aberta com o corpo musculoso, além dos pesos que levanta. Com mais de 300 mil seguidores no Instagram - vigiado pelos pais -, Cacauzinho já é patrocinado por empresas do ramo físico, tem nutricionista para montar a dieta correta, e treina todos os dias.

Cacauzinho, e o pai, Carlos Augusto, na disputa do LPO
Cacauzinho, e o pai, Carlos Augusto, na disputa do LPO Crédito: Ana Lúcia / CORREIO

"Ele me acompanhou no crossfit durante a pandemia, com 11 anos, e acabou se destacando no box. Desde então, ele segue fazendo a atividade física, já é considerado um atleta de elite, mas com as cargas adaptadas para a idade dele", explica o pai de Cacauzinho, Carlos Augusto, empresário.

Já Bruna Salarini Schwenck, de 13 anos, tem "apenas" 34 mil seguidores, também sendo uma atleta de elite. No Instagram, é possível ver a jovem mostrando que competição não é apenas para homens, e sim, que as mulheres estão ganhando espaço no âmbito da atividade física e bodybuilding. O pai, Bruno Schwenck, reforçou que a filha é uma atleta de alto rendimento, por isso também precisa de um acompanhamento diferenciado.

"Ela é diferente, então, Bruna faz competições pelo Brasil, mas temos que frisar que aqui na Bahia, essas competições são mais limitadas. Com essa rotina diferente, minha filha já conseguiu influenciar outras meninas da idade dela a fazer atividade física", comenta.

Para Rodrigo Thanos, educador físico da área infantil, ele salienta a importância de poder colocar as crianças para começar atividades desde cedo, principalmente para melhorar não só o condicionamento físico, como a saúde mental e desenvolvimento até a fase adulta. No entanto, é necessário não colocar uma pressão em cima das crianças, já que eles ainda estão na fase de apuração para melhorar o corpo e saúde.

TRodrigo Thanos,
TRodrigo Thanos, Crédito: Ana Lúcia / CORREIO

O educador explicou, em conversa ao CORREIO, que já perdeu vários talentos devido à pressão que os adultos colocam em cima dos menores, principalmente quando chega na fase de iniciar as competições.

"Muitos chegam na adolescência saturados, estão com a saúde mental bem desgastada e não conseguem continuar nas competições. Então, o importante é fazer com que a criança entenda que é importante, mas que se divirta também, nada pressionado".

É assim que Bruno Rabelo, de 23 anos, pai da pequena Maria Alice, de 5, também pensa. Ele, que é coach de crossfit, entende que a filha ainda está no início da atividade física de rendimento, mesmo tendo começado com a ginástica olímpica. A menina passou a acompanhar o pai durante os treinos e, assim como Cacauzinho, pegou gosto pela modalidade. No entanto, ela acaba se divertindo muito mais, sem a pressão para treinar.

null Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

"A intenção é que a minha filha comece com a carga de 10 quilos, depois vai passar para 12, e finalizar com 15 quilos na barra. Ela se sente muito bem, e se sente motivada. Lógico a gente sabe que criança tem o limite de não passar muito, mas é bom a gente frisar que ela tem que se divertir bastante durante os treinos", salienta Bruno.

O organizador do evento, Matheus Reis, campeão brasileiro de levantamento de peso norte e nordeste, segundo maior pesista do Brasil, também reforçou a importância de poder incluir as crianças nessas competições, ainda mais se for para fomentar o esporte na Bahia. Pai de uma menina de 7 anos, Ana Clara Reis, também competidora do LPO Kids, Matheus espera que o evento seja o primeiro de muitos em Salvador.

Matheus Reis, organizador da Copa Salvador
Matheus Reis, organizador da Copa Salvador Crédito: Ana Lúcia / CORREIO

"Esse é o primeiro evento, espero poder continuar mostrando que o esporte é para todos, de qualquer idade. Com esse intuito, a gente consegue também tirar as crianças das drogas, melhorar o condicionamento físico delas. Tivemos 15 crianças inscritas, isso já diz muito sobre o nosso trabalho", comemora.