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Pintura com Papa abraçado ao 'diabo' na Ufba gera polêmica

Publicação feita por um professor da instituição, na terça-feira (10), deu abertura à discussão que divide opiniões

  • Foto do(a) author(a) Elaine Sanoli
  • Elaine Sanoli

Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 18:37

Pintura na varandinha da Facom
Pintura na varandinha da Facom Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Uma pintura na parede da 'varandinha' da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba) tem levantado diferentes opiniões entre internautas e membros da comunidade estudantil. A publicação feita por um professor da instituição, na terça-feira (10), deu abertura à discussão polêmica.

No grafite, uma representação do 'diabo' está abraçada ao Papa Francisco, líder supremo da Igreja Católica, e juntos parecem cear enquanto gargalham. Ao fundo, a imagem sugere o 'inferno' com pessoas caindo em chamas, enquanto o céu aparece no topo da pintura com certa distância. Abaixo, é possível ver baús com moedas de ouro e um gato no canto da 'tela'.

Em uma outra publicação nas rede sociais, um ex-aluno da faculdade criticou a pintura e questionou o uso da figura religiosa. "Quem tem contexto sabe o quão Francisco vem sendo atacado por pessoas da própria Igreja Católica por defender as minorias, revisitar temas de direitos humanos e tantas outras pautas. E a Facom, num contexto tão complicado, responde assim?", indagou.

Advogado especializado em direitos autorais, professor de direito da Ufba e católico, Rodrigo Moraes também discordou da presença do desenho em uma parede da universidade pública. "Quando você faz uma obra dessa dentro de uma instituição pública, isso é algo que desperta uma energia muito ruim. E você dá asas, depois, para as pessoas começarem a fazer brincadeiras e isso vai gerando uma intolerância religiosa", opinou. "Eu não concordo que uma universidade pública permita que o seu espaço público seja utilizado para ofender professores e alunos católicos, não acho que o espaço seja para isso", acrescentou.

Na opinião do presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, a obra tem um caráter provocativo, chamando para uma discussão sobre o tema, mas é executada de forma "exagerada, pesada". "Eu trabalho muito com humor, então eu tenho um cuidado muito grande para não ser desrespeitoso. Uma coisa que é transgredir, outra coisa, para mim, é desrespeitar. A minha transgressão vai até o momento em que estou desrespeitando a crença de alguém", argumentou.

O estudante de jornalismo Felipe di Senna, embora tenha reconhecido a beleza e valor artístico da pintura, também questionou o uso da imagem do pontífice. "Eu acredito que, se fosse uma imagem de uma pessoa de religião de matriz africana, todas as pessoas diriam que é um ataque, que poderia até ser uma intolerância religiosa. Porque muitas pessoas evangélicas já vinculam a imagem da pessoa do candomblé à uma pessoa 'endemoniada', mas como é com o Papa, muitas pessoas acham certo", disse o jovem, que afirmou ser necessário respeito às diferentes religiões.

Em nota, a Arquidiocese de São Salvador da Bahia informou que está ciente da repercussão da imagem, mas não irá se pronunciar neste momento.

Por outro lado, outros estudantes acreditam que a pintura é importante para manter aberta as portas da liberdade de expressão da arte. "A Facom sempre foi um espaço inclusivo para com a arte e produtos de seus alunos. A manifestação tem um objetivo crítico. O espaço também está aberto a quem quisesse fazer uma arte com motivação de apologia cristã", argumentou o estudante Davi Klajman, ex-aluno da instituição.

A direção da Facom foi procurada pelo Correio, para esclarecer se há requisitos ou autorização prévia para inserção de uma pintura nas paredes do prédio da faculdade, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.

'Instagramável'

Há ainda, quem esteja aproveitando a estética da obra para criar conteúdos para a internet. É o caso do jornalista Lucas Dias. "Achei linda, 'aesthetic'. Tirei foto para postar no TikTok", comentou. "É uma universidade pública federal, esse tipo de manifestação é totalmente comum", avaliou o jovem, elogiando o talento do autor da obra.

João Vasconcelos, autor da pintura, contou ao CORREIO que reconhece o incômodo de alguns dos espectadores ao se sentirem desrespeitados, mas entende que “não deixa de existir uma verdade” em sua obra. “Figuras religiosas, de poder, míticas sempre foram temas na arte. Sempre houve representações de inferno, Deus, diabo e suas interações. Essa é mais uma”, afirmou.

Em seu perfil do Instagram, o artista republicou um 'story' de um amigo que celebrava o alcance da obra. "Eu amo que a arte do meu incrível amigo artista está gerando polêmica entre os cristãos. Que delícia! João, você é incrível demais! Como artista colaborador dessa arte, tenho orgulho dela!", escreveu o rapaz.