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Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2024 às 07:15
Qualquer morador de Salvador conhece a Perini. A rede de delicatessens surgiu nos anos 60, criada pelos sócios Delmiro Carballo Alfaya e José Faro Rua - conhecido como Pepe. Na época, o nome ainda era outro, mas a intenção da então Panificadora Elétrica da Barra já era criar uma padaria que atendesse seus clientes de forma especial, com produtos diferenciados.
Ao longo do tempo, a Perini ergueu 12 espaços em Salvador, entre delicatessens, mega lojas e quiosques de shopping. Em 2010, o grupo chileno Cencosud comprou a rede por U$27,7 milhões. Eram, então, oito unidades pela capital baiana.
A primeira, na Barra, fechou em 2021, após 57 anos. Hoje, continuam em atividade quatro lojas em Salvador: a da Graça, da Pituba, o Café Costa Azul e a localizada na Avenida Vasco da Gama, que fechará as portas em menos de duas semanas.
Desde que a Cencosud assumiu a empresa, clientes narram mudanças de qualidade nos produtos e no atendimento. As maiores reclamações são sobre como não há mais a atenção que existia com os consumidores por parte dos funcionários e sobre as datas de produção dos alimentos.
Enquanto isso, outra empresa do chamado Pepe (o Almacen Pepe) segue em crescimento, com três filiais na capital baiana.
A comunicóloga Ana Oliveira, de 39 anos, sente com a Perini uma relação de afetividade. Ela, que ia quando criança à unidade da Barra quando ainda era uma panificadora e doceria, viu em tempo real a qualidade dos produtos cair.
“Eu percebi as mudanças na qualidade dos produtos, os funcionários não pareciam tão motivados, e quando vi a expansão de outras delicatessens com qualidade melhor, senti de verdade que a Perini estava perdendo espaço”, lembra.
Para ela, isso está relacionado à falta da presença constante de José Faro Rua - o Pepe - e seu filho, André, na manutenção da qualidade dos produtos após a venda para a chilena Cencosud. Segundo a comunicóloga, eles observavam de perto e mantinham amizade com antigos clientes que os acompanham desde a Perini.
“A diferença, eu acredito, é que os atuais donos da rede Perini tiveram uma visão de mercado diferente, e com a pandemia e a alta dos produtos não conseguiram manter a qualidade em relação ao custo-benefício. Quando o Almacen Pepe abriu, sinto que os ‘órfãos’ do que era a Perini se sentiram acolhidos de novo”, diz.