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Luiza Gonçalves
Publicado em 19 de maio de 2024 às 16:27
A celebração de Pentecostes é uma das mais importantes do calendário católico, marcando o momento bíblico da descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo, sua mãe Maria e outros seguidores. Há 254 anos, sempre 50 dias após o domingo de Páscoa, a Paróquia Santo Antônio Além do Carmo realiza a Solenidade de Pentecostes. Neste domingo (19), a celebração começou às 09h, com o Cortejo Imperial e, posteriormente, a missa na Matriz da Paróquia.
"A festa no Carmo é marcada por alguns contornos culturais próprios", afirma o pároco, Padre Jailson Santos. Esses ritos especiais mantêm as tradições das primeiras celebrações de Pentecostes da paróquia em 1770. Uma delas é a figura do Menino Imperador, representando o Espírito Santo. Um garoto da comunidade é escolhido pela Irmandade do Divino Espírito Santo para esse papel.
Durante o cortejo, o Menino Imperador integrou a procissão que trazia, no abre-alas, o estandarte, a banda e também contava com os membros da irmandade, da paróquia e fiéis que compunham a corte real. Uma delas foi Luzimar Bispo:
“Sou moradora do bairro e esta é a primeira vez que estou participando como integrante do cortejo. Esse momento é muito especial e me sinto privilegiada por fazer parte desta data que é tão importante para a Igreja e para nós, católicos. Além de ser um momento de renovação e de estar mais próxima a Deus”, afirma Luzimar.
O percurso seguiu até a Igreja Nossa Senhora do Boqueirão e retornou à Matriz da Paróquia Santo Antônio Além do Carmo, onde o Menino Imperador foi coroado na entrada da igreja pelo Bispo Dom Marcos, que presidiu a missa. A celebração foi acompanhada nos cânticos pelo Coral da Basílica do Senhor do Bonfim e reuniu centenas de fiéis.
No altar, em local de destaque, coube ao jovem Lucas, o Menino Imperador, mais uma missão que é tradição: ler um decreto declarando simbolicamente a liberdade de um preso. Quem explica a tradição é o Padre Jailson dos Santos:
“A Irmandade do Espírito Santo reunia recursos para pagar a fiança dos presos pobres, que ficavam aqui no Forte de Santo Antônio Além do Carmo e no Forte do Barbalho. Então essa festa era importantíssima não só pela questão espiritual, mas também pela questão social. Hoje na missa nós ainda fazemos isso, de certa forma, porém através da parceria com os poderes públicos e a justiça, de modo simbólico, não mais pagando a fiança.”
A Irmandade do Divino Espírito Santo e o pároco fazem contato com os órgãos responsáveis, que já preveem a libertação de alguém que cumpriu a pena. Na celebração, Lucas leu o decreto e tocou o ex-detento com o cetro em seu ombro, anunciando sua liberdade.