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Cidadão precisa atender a pré-requisitos e passar por testes
Bruno Wendel
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 04:30
- Atualizado há 2 anos
Embora a posse de arma tenha se tornado algo mais fácil após o presidente Jair Bolsonaro assinar um decreto, na terça-feira (15), não é qualquer um que poderá ter armas em casa. O motivo é simples: o preço. Em Salvador, quem quiser adquirir o equipamento terá de desembolsar, pelo menos, R$ 4.433. Há também uma série de pré-requisitos, como fazer um exame. A procura por curso de iniciação ao tiro esportivo subiu 20% após eleições.
“Há uma série de requisitos, tais como não ter antecedentes criminais, ter residência e emprego fixos. Tem também o valor de todo o processo, que vai além da compra da arma, pois tem o custo com o psicoteste e exame de tiros com instrutores credenciados pela Polícia Federal, por exemplo. Quem ganha dois salários mínimos não tem condição nenhuma de ter a posse de arma”, declarou Francisco de Oliveira Santos, 69 anos, dono da loja de armamentos Magnum Arma, no bairro de Macaúbas.
Segundo a Cartilha de Armamento e Tiro, elaborada pela Polícia Federal, não é necessário que a pessoa apresente um laudo - como é exigido, por exemplo, pelas autoescolas - para que uma pessoa possa ser submetida ao teste.
A posse de arma permite ao cidadão ter o equipamento em casa. É diferente do porte de arma, quando é permitido que a pessoa ande armada em ambientes externos.
Na manhã dessa quarta-feira (16), o CORREIO percorreu algumas lojas que vendem armas e munições e fez uma cotação de preços apenas nos equipamentos permitidos para quem conseguir a licença: pistola assintomática calibre 380, revólver calibre 38, espingarda semiautomática e carabina calibre 22 ou 38 – no caso destas duas últimas, as posses são mais indicadas para uso na zona rural, devido à potência dos armamentos.
“Cerca de 95% dos compradores prefere comprar pistolas, por causa da facilidade do manuseio em áreas urbanas”, disse Sérgio Bonfim, 46, despachante e consultor de documentação para arma de fogo. A pistola mais barata é a Taurus calibre 380 compacta. Na Sniper Armas e Munições, no bairro do Rio Vermelho, por exemplo, a arma é vendida somente à vista, por R$ 3.800.
Mas, quando somado o valor da arma com o custo de exame de psicoteste (R$ 250), teste de tiro (R$ 290), despachante (R$ 500), taxa da Guia de Recolhimento da União (GRU) (R$88), munição (R$ 95) e o curso de tiro (R$ 530), no final das contas, a posse da arma sai por R$ 5.553 - R$ 1.120 a mais do que para adquirir um revólver calibre 38, a arma mais barata entre as lojas visitadas pela reportagem.
Já na loja Magnum Arma, a pistola do mesmo modelo 380, custa R$ 5.565. O valor pode der dividido no cartão de crédito, em até duas parcelas. Acrescentando os custos adicionais – psicoteste, teste de tiro, despachante, taxa da Guia de Recolhimento da União (GRU), munição e o curso de tiro –, são somados R$ 1.753 ao custo final. Ou seja, a posse sai por R$ 7.318.
Mas é bom ficar atento a um detalhe: com o novo decreto assinado por Bolsonaro, no caso de residências onde vivem crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência mental, é exigido que o candidato à posse “apresente declaração de que a sua residência possui cofre ou local seguro com tranca para armazenamento”.
Outras armas Já as armas de grosso calibre podem ser encontradas por preços que variam em mais de R$ 3 mil. É possível encontrar uma carabina calibre 22, por exemplo, por R$ 1.980 a R$ 2.050, ou calibre 38 por R$ 4.800.
Os armamentos citados são encontrados pelo mesmo valor tanto na Sniper Armas e Munições, no Rio Vermelho, quanto na Magnum Arma, em Macaúbas.
A espingarda semiautomática, no entanto, requer um investimento ainda maior: na Magnum dá pra encontrar o equipamento por R$ 5.300. Na Sniper, há a possibilidade de adquirir um modelo inferior por R$ 4.300.
Nas duas lojas, o revólver calibre 38 varia de R$ 2.680 a R$ 5.080. Esses valores não incluem as munições, o teste de aptidão ou, ainda, as aulas de preparação.
Taxa de homicídios quase dobrou em 10 anos Em dez anos, a taxa de homicídios na Bahia quase dobrou: cresceu 97,8% entre 2006 e 2016, de acordo com o Atlas da Violência 2018, divulgado em junho de 2018, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Na Bahia é onde mais se morre por arma de fogo desde 2009. Só em 2016, último ano do registro, foram 5.449 mortes no estado, seguido de 4.019 no Rio de Janeiro e 3.475 em Pernambuco. Em 2006, eram 2.402 mortes, o que representa um crescimento de 126,9% nos 10 anos. No ano de 2008, quem liderava o ranking era o estado do Rio de Janeiro.
Confira onde fazer cursos básicos de tiro na Bahia:
Clube Baiano de Tiro Estrada de Quingoma, 8080 - Lauro de Freitas www.clubebaianodetiro.com.br Valor: R$ 700
Clube de Tiro Jequieense Rua da Itália N° 03B, Centro - Jequié-BA Email: [email protected] Valor: Apenas para associados | Associação: R$ 3,5 mil
Clube Toptiro Rua Tito Nunes de Souza , Nº 70 – Bairro Jardim Flórida, Juazeiro – Bahia Email: [email protected]://www.toptiro.com.br Valor: R$ 500
Clube de Tiro Conquistense Rua Bruno Barcelar, 725, Alto Maron, Vitória da Conquista – Bahia Valor: R$ 500
Atiro Associação Desportiva Av. Juraci Magalhães Júnior, nº 133, Rio Vermelho – Salvador/BA Telefone: (71) 3240-4601 / 3492-1460 Site: http://www.atiro.com.br Valor: R$ 720.
* Colaborou Júlia Vigné