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Gilberto Barbosa
Publicado em 9 de abril de 2025 às 21:02
Uma criança viaja pelo mundo da imaginação com seus amigos Tatu e Bicudo para lidar com a perda familiar. Essa é a premissa da animação O Sonho de Clarice, exibida para as 20 crianças do Instituto de Cegos da Bahia (ICB) convidadas para uma sessão do XX Panorama Internacional Coisa de Cinema, realizada nesta quarta (9), no Cine Glauber Rocha, no último dia do festival. >
No filme, Clarice, de 9 anos, usa a fantasia como refúgio para enfrentar a perda da mãe. Além do longa animado, os pequenos assistiram o curta Tsuru, que conta a história de um pedaço de papel adormecido que sai numa jornada em busca de transformação após ser despertado pelo bater de asas de um Tsuru (origami de ave japonesa). >
As exibições contaram com audiodescrição. As sessões são parte do projeto A Escola Vai ao Cinema, realizado pelo festival. De acordo com o produtor Thiago Zanetti, responsável pela iniciativa, o cinema é preparado para garantir um melhor acolhimento para o público. >
“Queremos garantir que o público seja sempre o mais democrático possível. Preparamos uma sala exclusiva, com espaço para eles circularem, com ar-condicionado, som e luz moderados. Nós aprendemos a cada ano como garantir ainda mais acessibilidade, e vamos nos adaptando conforme recebemos os feedbacks das instituições”, explicou. >
Uma das crianças era o pequeno Théo Paixão, de 2 anos, que estava pela segunda vez em uma sessão de cinema. Ele foi acompanhado da mãe, a dona de casa Magnólia Paixão, 39. >
“É muito importante essa sessão para ele aprender a conviver com as outras crianças. Por ele ser muito pequeno, não prestou tanta atenção, mas foi muito importante para nós, que somos pais, entendermos a mensagem do filme, de que não é qualquer barreira que vá atrapalhar o desenvolvimento de cada pessoa”, afirmou Magnólia. >
Outra criança era o jovem Davy de Jesus, 13, que comentou suas impressões sobre a obra. “É a minha primeira vez nesse cinema. O que eu achei de mais interessante no filme foi a parte da imaginação, onde tudo que Clarice falava, o Tatu e o Bicudo respondiam”, falou. >
A assistente social do ICB, Lilian Pereira, exaltou a ida ao Glauber Rocha e comentou sobre a importância para a autoestima das garotada.“Para nós, é muito gratificante porque trabalhamos com crianças de baixa renda que nem sempre têm essa oportunidade e podemos garantir que eles tenham esse momento especial. Esses momentos fazem com que se tornem cidadãos de direitos e se sintam pertencentes a sociedade”, ponderou. >
Além das crianças do ICB, o cinema recebeu cerca de 100 alunos de três escolas municipais de Salvador. As crianças assistiram o documentário A Bahia Me Fez Assim, do cineasta baiano Sérgio Machado, que apresenta encontros entre artistas baianos de diferentes gerações e acompanha seus processos criativos de releitura de composições clássicas do estado. >
“Temos essa preocupação de fazer com que o máximo de pessoas possível tenham acesso à sala de cinema. Achamos importante que as pessoas frequentem o cinema e realizamos esse trabalho para mostrar que essa experiência ainda pode encantar a todos”, disse Cláudio Marques, coordenador do festival.>