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Palacete Tira-Chapéu tem suástica no banheiro? Entenda

Azulejos estão presentes no piso do prédio

  • Foto do(a) author(a) Elaine Sanoli
  • Elaine Sanoli

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 05:20

Azulejos do Palacete Tira Chapéu
Azulejos do Palacete Tira Chapéu Crédito: Elaine Sanoli/CORREIO

Uma subida nas escadas principais e duas viradas à direita no prédio do Palacete Tira-Chapéu , localizado no Centro Histórico de Salvador, e pronto: já é possível contemplar o objeto que deu origem à mais recente discussão entre os internautas no X (antigo Twitter). Uma publicação de Tia Má levantou questionamentos sobre o uso da 'suástica' como símbolo que estampa os azulejos na entrada do banheiro do primeiro andar. Apesar da polêmica gerada, o professor de história Murilo Mello explica que, antes de ser apropriado pelo nazismo em meados do século XX, ele já era utilizado por sociedades milenares. 

"Os budistas, por exemplo, usam até hoje. Representa eternidade, prosperidade, abundância, boa sorte. Foi usado na Grécia Antiga, foi e é usado no Japão também. [Esses povos] tinham essas representações muito ligadas à questão religiosa e espiritual", explica Mello, ao ressaltar, ainda, o caráter intercontinental da simbologia. "Até na América do Norte, os povos Navajo, uma população nativa, ameríndia, utilizava a sua suástica", completa. 

Azulejos do Palacete Tira Chapéu
Azulejos do Palacete Tira Chapéu Crédito: Elaine Sanoli/CORREIO

Além do piso em frente à entrada do banheiro, em outros trechos a mesma representação pode ser vista, como no chão da parte externa às janelas do primeiro andar. Internautas apontam que o desenho já foi visto, inclusive, em outros prédios históricos da capital baiana.

De acordo com o historiador, a conotação era positiva até ser associada ao nazismo alemão no século passado. A 'Manji', nome original, foi utilizado pela ideologia justamente pela tentativa de se afirmar como "um bem para o mundo". "A imagem que o nazismo constrói e principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial e a partir da descoberta do Holocausto, vai associar tudo que é nazista ao lado negativo, à opressão, à violência", diz, ao justificar o espanto dos internautas com as imagens dos azulejos do Palacete. 

Cabe destacar, ainda, que apesar de apropriado de forma distorcida, o símbolo possui diferenças da suástica nazista. Por exemplo,  com a espessura dos traços e inclinação do desenho. 

Embora tenha ganhado uma conotação negativa, associada à doutrina responsável pelo genocídio de cerca de 6 milhões de pessoas nas décadas de 1930 e 1940 na Europa, o azulejo foi inserido no prédio, em Salvador, em 1917, antes mesmo do símbolo ser usurpado. De acordo com informações prestadas pela administração do Palacete, o símbolo reflete uma expressão artística e cultural da época em que foi construído, por isso, deve ser compreendido dentro do seu contexto histórico, sem vínculo com a ideologia nazista.

"O restauro do Palacete priorizou, junto aos órgãos de patrimônio, a preservação da identidade cultural do edifício, garantindo a autenticidade dos elementos que fazem parte da nossa história", informa.

Ainda conforme informações do Palacete, o espaço possui placas sinalizando a origem e significado dos azulejos. "Essa é a 'Manji', suástica japonesa budista, de origem no século 7 a.C, um símbolo de sorte e paz", afirma uma delas.

Alerta sobre azulejos do Palacete Tira-Chapéu Crédito: Reprodução/Palacete Tira-Chapéu