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'Não ofereci dinheiro pela cabeça de ninguém', diz pai de cigana morta

Segundo advogada, família aponta esposo da vítima como principal suspeito do crime

  • M
  • Marcos Felipe

Publicado em 10 de julho de 2023 às 21:37

Adolescente foi baleada no queixo e não resistiu
Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi baleada no queixo e não resistiu Crédito: Reprodução

Após a morte da adolescente de origem cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, circularam na internet publicações que divulgavam uma recompensa de R$ 300 mil para quem encontrasse o suposto autor do crime. O pagamento teria sido oferecido pelo pai da vítima, o autônomo Hiago Silva, 30, que negou a informação por meio de um vídeo publicado em seu perfil no TikTok por volta das 19h desta segunda-feira (10).

"Eu não ofereci dinheiro pela cabeça de ninguém", defende-se Hiago. "Agradeço à população brasileira, que se comoveu com a morte da minha filha. A gente quer justiça. Isso, sim", enfatiza o homem.

Hyara Flor foi morta na quinta-feira (6), em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro no queixo. Em entrevista ao CORREIO, a advogada Janaína Panhossi falou que o esposo da vítima, também de 14 anos, é apontado pela família dela como o principal suspeito do crime, que teria sido motivado por vingança. Ele e o sogro da menina fugiram depois do ocorrido, e ainda não foram encontrados.

"Eles [a família] afirmam que havia um caso extraconjugal entre a sogra de Hyara Flor e um tio por parte de pai", revelou Janaína, que também detalhou que os adolescentes — casados havia somente 40 dias — eram primos. "O sogro de Hyara, então, teria induzido o filho a atirar na esposa", concluiu.

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil (PC) afirmou apenas que a investigação está em andamento e que "detalhes não estão sendo divulgados, para não interferir na apuração".

Relembre o caso

Hyara Flor Santos Alves foi morta na quinta-feira (6), em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro no queixo. Segundo a Delegacia Territorial (DT) de Guaratinga, no local do crime, foram apreendidos uma pistola calibre 380, dois carregadores e munições. O caso foi registrado como feminicídio, mas não foram divulgadas mais informações sobre o suspeito.

Depois de ter sido baleada, a adolescente chegou a ser socorrida para um hospital da região, porém não resistiu. Ela deu entrada na unidade com a informação de que teria se ferido no queixo ao ter limpado a pistola. No entanto, contradições levantaram a suspeita de que se tratava de um crime.

A Polícia Militar (PM) foi chamada. Testemunhas contaram à equipe da 7ª Companhia Independente (CIPM) que o esposo de Hyara Flor fugiu com o pai depois do fato. Eles não foram localizados.

'Decreto de guerra'

Além da suposta oferta de recompensa, circula na internet um áudio gravado por Hiago Silva em que ele diz ter "decretado guerra" contra a família de seu genro e que "vai morrer muita gente". De acordo com Janaína Panhossi, o homem assumiu a autoria da mensagem, mas se arrependeu do que tinha dito.

"Ele já esclareceu, perante a autoridade policial, que aquilo foi no calor da emoção e que não condiz com a intenção dele", explicou a advogada. "Hoje [segunda] foi o dia do depoimento dele, e foi algo muito comovente e triste, porque ele tinha uma relação muito próxima com a filha", acrescentou.

Indícios de violência

Ainda conforme o informado por Janaína ao CORREIO, havia indícios de que Hyara Flor vinha sendo destratada pelo esposo na casa onde moravam — anexa ao imóvel dos pais dele. Na noite anterior a sua morte, a menina ligou para o pai pedindo que fosse visitá-la, a fim de lhe falar 'algo importante'. O pedido, porém, não pôde ser atendido por Hiago, que estava em viagem a uma cidade vizinha.

"No velório, inclusive, eles perceberam algumas marcas no braço dela que supostamente eram de agressões", relatou a advogada. Além disso, após a morte da adolescente, a família teve acesso a conversas de WhatsApp entre o casal. "Era uma relação de muito pouco afeto por parte dele, que demorava muito a responder as mensagens e, quando ela pedia alguma coisa, respondia com grosseria", descreveu.