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Pacientes do Planserv 'batem com a cara na porta' de hospital: 'Desrespeito com os servidores'

Hospital da Bahia suspendeu atendimento de urgência e emergência para quem tem Planserv e ainda está em processo de venda

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 09:28

Hospital da Bahia
Hospital da Bahia Crédito: Reprodução

A busca por atendimento tem sido frustrante para os usuários do Planserv - plano de saúde dos servidores estaduais - que vão ao Hospital da Bahia. A unidade suspendeu, desde o dia 7 deste mês, o atendimento de urgência e emergência para quem tem o plano. Com dores no peito, a professora aposentada Maria Andrade, 68 anos foi ao local nessa quinta-feira (7), onde, normalmente, costumava ser atendida. Chegando ao hospital, ela foi informada que não poderia entrar na unidade.

“Fui orientada a ir para o Hospital de Brotas. Cheguei lá 11h e só fui atendida as 15h. Fiz um exame e demorou muito. O resultado só saiu 19h. Uma parte do hospital ainda está em obras e tem poucos funcionários. No final, me mandaram tomar dipirona em casa. No Hospital da Bahia, sempre tive um atendimento de maior qualidade”, declarou.

Indignada, a aposentada refletiu sobre a queda na qualidade do plano. “Pago quase R$ 2 mil de Planserv e, toda vez que preciso usar, é um sacrifício. É um desrespeito com os servidores”, diz ela.

A situação afetou o atendimento, e o Hospital de Brotas até colocou uma faixa na entrada da emergência, informando que o tempo de espera estava "elevado". O local registrou até três horas para realizar os atendimentos.

O empresário Pedro Gustavo Fonseca, 25 anos, conta que procurou a rede já no dia 26 de outubro - portanto, antes mesmo de valer a suspensão do atendimento - após sofrer um acidente com um objeto metálico.

“Eu estava trabalhando e tive um corte profundo na lateral do rosto. Fui procurar atendimento no hospital por saber do histórico do plano e, chegando lá, não consegui entrar na emergência porque o segurança chegou perguntando qual plano de saúde que eu tinha convênio. Quando respondi, ele falou que não podia entrar porque ali não atendia mais Planserv. Fui para o Hospital de Brotas e consegui atendimento lá”, falou.

Nessa quinta (7), a reportagem foi até o Hospital da Bahia e constatou a presença de placas na recepção e no elevador, informando que os atendimentos passarão “a ser exclusivamente eletivos e referenciados, requerendo autorização prévia”. O Hospital também indica que os beneficiários do Planserv deverão procurar os canais de comunicação do plano para obter informações sobre a rede credenciada. 

Com a suspensão, o Planserv anunciou medidas para expansão dos atendimentos em outras unidades da região, como no Hospital da Pituba e o pronto atendimento San Miguel (antigo Santa Clara). Informou que também destinaria 18 leitos do Hospital Português para usuários do plano.

Os problemas com o plano são constantes. Descredenciamento de clínicas e hospitais, recusa em atendimentos de emergência e dificuldade para marcação de procedimentos são algumas das dificuldades enfrentadas por beneficiários do Planserv. Para se ter uma ideia, o sucateamento do plano de saúde dos servidores estaduais foi motivo para 6.177 ações movidas entre janeiro de 2020 e agosto de 2023.

Até o governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), disse “estar no limite” quanto à situação do plano. Em entrevista à imprensa nessa quinta-feira (7), o gestor admitiu que a suspensão do atendimento do Planserv no Hospital da Bahia trará “transtornos” ao sistema de saúde do estado.

“Qualquer dificuldade com hospital, como o Hospital da Bahia, gera um transtorno porque a quantidade de pessoas ali atendida vai acumular em algum lugar. Então, pedi ao secretário [da Administração, Edelvino] Góes para que a gente pudesse se preparar”, declarou Jerônimo.

Além disso, o governador lembrou que não existe uma rede de saúde privada no interior do estado para poder ter capilaridade com o serviço do plano. "Temos que criar um ambiente para que o setor privado amplie essa rede e possamos ter um serviço de Planserv maior. Quando não tem no interior vem para a capital e acaba sobrecarregando”, acrescentou.

Venda do hospital

Já o Hospital da Bahia, que pertence ao grupo Dasa, está em processo de aquisição por outro grupo nacional, o Rede D'Or São Luiz. Conforme apurou o CORREIO, a suspensão dos atendimentos ocorreu “por motivos de alteração no modo de atendimento do hospital” para que o processo de venda fosse concluído.

Com sede no Rio de Janeiro, o Grupo Rede D'Or São Luiz está presente em diversos estados: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão e Sergipe. Em Salvador, o grupo já controla os hospitais Aliança, São Rafael, Aeroporto e Cardio Pulmonar e entregará, em poucos dias, o Star Aliança.

O Hospital da Bahia e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) foram procurados, mas não responderam nessa quinta-feira (7).