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Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2023 às 13:57
Cirurgias minimamente invasivas e totalmente robóticas para retirada de linfonodos inguinais no tratamento do câncer de pênis serão ofertadas gratuitamente para os pacientes da rede pública baiana neste mês de julho. O procedimento é uma parceria dos Hospitais Santa Izabel e Mater Dei.
O primeiro procedimento do tipo foi realizado no estado há três meses pelo urologista Nilo Jorge Leão com a equipe do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR) no Hospital Mater Dei Salvador.
Além das vantagens já conhecidas da plataforma robótica, o auxílio do robô na linfadenectomia reduz muito o risco de complicações associadas em comparação com a cirurgia convencional aberta.
“A plataforma robótica assegura menos sangramento, menor dor no pós-operatório, maior precisão, melhor resultado estético, recuperação mais rápida e mais segurança para o paciente, inclusive por reduzir a chance de complicações na pele e desenvolvimento de linfedemas, condição caracterizada pelo acúmulo de líquido linfático nos tecidos que causa inchaço e aumento de volume em determinadas áreas do corpo”, pontuou o coordenador do IBCR e articulador da parceria com os hospitais envolvidos no projeto, Nilo Jorge Leão.
Ainda segundo o especialista, a equipe do IBCR é a única que já realizou este tipo específico de cirurgia robótica no Norte e Nordeste, sendo a Bahia inclusive um dos poucos estados do Brasil a realizar esse tratamento. “Em todo o mundo, poucos cirurgiões fazem linfadenectomia robótica para tratamento do câncer de pênis, até porque a incidência da doença em países desenvolvidos é baixa, sendo ainda um problema de saúde pública em países em desenvolvimento”, frisou o especialista.
A cirurgia robótica ainda não faz parte do rol de cobertura do SUS nem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), regulamentadora dos planos de saúde no Brasil. Quando o convênio cobre a videolaparoscopia em um hospital com plataforma robótica, o usuário do plano que opta pela cirurgia robótica não precisa pagar seu valor integral, apenas o custo equivalente à diferença financeira entre os procedimentos.
Câncer de pênis
Em 2022, mais de 1.930 casos de câncer de pênis foram registrados no Brasil e em quase 25% a amputação do órgão foi necessária. Para reduzir a incidência da doença, a população precisa conhecer suas principais causas: higiene inadequada, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e estreitamento do prepúcio (fimose), além das formas de prevenção.
Segundo Nilo Jorge Leão, a limpeza diária do órgão com água e sabão é a melhor forma de evitar a doença. “Usar camisinha em todas as relações sexuais também é importante, já que o preservativo diminui a chance de transmissão do HPV, vírus que pode estar associado ao câncer de pênis. Para combater esse vírus, meninos de 9 a 14 anos devem tomar a vacina contra o HPV, disponibilizada pelo SUS”, explicou o urologista. Por fim, a cirurgia para o tratamento da fimose, quando a pele estreita do prepúcio impede a adequada higienização do pênis, pode ajudar na prevenção.
O tratamento do câncer de pênis é sempre cirúrgico, mas aplicações de quimioterapia e/ou sessões de radioterapia podem ser necessárias, dependendo da extensão do tumor, da região onde está localizado e do prognóstico. A cirurgia é eficaz, mas se o paciente apresentar “ínguas” na virilha pode ser um sinal de que o tumor está se espalhando.
“Os gânglios linfáticos localizados na região da virilha (chamados de gânglios linfáticos inguinais) são frequentemente os primeiros a ser afetados pela disseminação das células cancerígenas. Portanto, durante o tratamento e o monitoramento do câncer de pênis, costumamos examiná-los em busca de sinais de metástase”, disse Nilo Jorge Leão.
A presença de metástases nos gânglios linfáticos indica um estágio mais avançado do câncer de pênis e pode afetar as opções de tratamento e o prognóstico do paciente. “O envolvimento dos gânglios linfáticos pode exigir sua remoção cirúrgica e, em alguns casos, tratamentos adicionais, como radioterapia ou quimioterapia, podem ser necessários”, concluiu o coordenador do IBCR.