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Wendel de Novais
Publicado em 1 de agosto de 2024 às 12:45
Um paciente, que terá sua identidade preservada, luta há cinco meses para a realização de uma cirurgia pelo Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv) da Bahia. Acometido por uma fissura anal crônica, o soteropolitano de 24 anos precisa passar por um procedimento orçado em R$ 3,5 mil que o plano cobre, mas não tem profissionais credenciados para realizar.
Por conta disso, ele precisou consultar outros profissionais e foi à Justiça para que o plano custeasse a cirurgia. Entre a descoberta do problema e o presente momento, lá se vão mais de cinco meses de espera em que o assegurado procurou órgãos públicos que abriram processos contra o plano que foram acessados pela reportagem.
“Em fevereiro, procurei o Planserv para conseguir um cirurgião que operasse pelo plano, já que tinha ido para vários e nenhum operava. Como não tive resposta, procurei o Ministério Público em março, que enviou vários ofícios ao plano, mas não teve êxito. Em abril, fui até a Defensoria Pública, que também enviou ofícios extrajudiciais e me deu prazo de 20 dias úteis para resposta”, lembra o paciente.
Um mês depois, já em maio, a Defensoria Pública entrou com uma ação judicial, que resultou em uma liminar que determinava a obrigação do Planserv em indicar um médico para o procedimento no fim do mesmo mês. Em junho, o plano entrou em contato com o paciente, indicando uma clínica, mas o paciente foi informado que o médico do local só operava em Camaçari, sendo que ele mora em Salvador. Uma semana depois, o plano confirmou operação na capital e, logo depois, cancelou.
Já no início de julho, uma outra clínica foi indicada, mas a médica não foi informada pelo plano da consulta, o que fez paciente abrir um terceiro procedimento, sendo esse administrativo. “No dia 5 de julho, eu fui na SAEB e abri um protocolo na ouvidoria geral do estado. No dia 10, o Planserv entrou em contato, solicitando que eu retornasse à mesma médica. Dessa vez, no dia 11, ela estava ciente e fez meu orçamento, enviando o orçamento. Desde então, porém, o Planserv não se manifestou”, conta.
A reportagem procurou o Planserv para perguntar sobre o andamento do procedimento e o porquê da demora em sua autorização. Em nota, o plano informou que "o procedimento está autorizado". O Planserv informa também que "procedeu com o cumprimento da liminar e acrescenta que foi cumprido todo o trâmite institucional e regular".
O paciente afirma que ainda entrou em contato com plano, que afirmou estar em tratativas com o prestador de serviço que, no caso, é a médica. A profissional, no entanto, foi consultada pelo paciente e informou que não recebeu retorno do Planserv. Enquanto isso, o soteropolitano relata que continua sofrendo com as consequências de um problema que pode chegar ao sexto mês sem tratamento devido.
“Eu tenho uma fissura anal crônica. Sinto dores, apresento sangramentos e a dor limita minhas atividades diárias. Fico com dificuldade para andar, tenho que esperar algumas horas para começar a aliviar após fazer minhas necessidades fisiológicas. E, por conta da demora, tive complicações que intensificaram as dores, sendo necessário agora dois procedimentos diferentes”, relata.
A reportagem teve acesso ao orçamento da cirurgia enviado pela médica consultada pelo paciente.
Ações contra o Planserv
A reportagem procurou o Tribunal de Justiça da Bahia para saber quantas ações contra o Planserv foram abertas este ano. Em nota, o órgão disse que já são 338, de 1º de janeiro até 1º de agosto. Já em 2023, em todo o ano, foram 681 ações.