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Wendel de Novais
Publicado em 27 de maio de 2024 às 15:03
Morto por espancamento na última sexta-feira (24), no bairro de Novo Horizonte, em Camaçari, Flávio de Oliveira da Silva, 32 anos, guitarrista da Afrocidade, foi levado por um grupo de homens para uma área deserta antes de ser agredido. O crime aconteceu perto de arquibancadas de um campo de futebol localizado nas imediações da Rua Bahia, uma das principais vias do bairro. O local, pela noite, no entanto, não tem iluminação e, de acordo com moradores, é frequentado por usuários de drogas e criminosos.
Na hora do crime, um morador, que vive em uma casa perto do campo, chegou a ouvir o barulho do espancamento e o que seriam pedidos por socorro. “Era pouco mais de 20h e ouvi gritos abafados. Estranhei, mas como aqui é muito escuro e fica gente usando droga, nem saí para ver o que era, só fiquei assustado. Quando ouvi o barulho de carros da família e do socorro, soube que ele tinha sido morto”, relata, sem se identificar.
A maioria dos moradores do local preferiu não comentar o assunto. Receosos, pediam para não conversar com a reportagem. Uma das residentes, porém, falou que o lugar é ‘ideal’ para praticar um crime sem que alguém veja. “Se trouxeram ele para cá, já queriam fazer maldade. É tudo escuro aqui, eu tenho medo de andar de noite porque fica deserto e ninguém vê nada”, afirma a moradora.
Quando perguntados sobre Flávio, mais conhecido como Fal Silva, os moradores eram unânimes e o descreviam como alguém tranquilo e que nunca teve problemas no bairro. “Todo mundo ficou surpreso, era um cara do bem e que anda por aqui sempre. Nunca ouvi nada de ruim dele, que não era envolvido com crime nenhum”, destaca a moradora.
Segundo familiares relataram à TV Bahia, o músico estava em uma pizzaria, que pertence a um familiar, quando quatro homens o chamaram. Ele foi levado e espancado até a morte. A polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamados, mas o músico não resistiu. Fal fazia parte da Afrocidade desde a formação da banda, em 2011. A big band surgiu de aulas de percussão. A morte de Fal é investigada pela 4º Delegacia de Homicídios de Camaçari.
Em nota de pesar divulgada neste sábado, a Isé Música Criativa, produtora da Afrocidade, destacou que a guitarra de Fal trazia a ousadia que casava com as vozes e a percussão. “Na banda, era considerado o ‘violeira da maldade’. Quem acompanha o Afrocidade percebia o quanto ele vivia a música intensamente nos palcos e também fora deles”, diz o comunicado.