Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Larissa Almeida
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 11:00
Antes que uma mulher seja agredida fisicamente, é comum que tenha existido, antes, outras formas de violência. Começa com críticas excessivas, evolui para controle do que usa, para onde vai e com quem vai. Nesse intervalo de tempo, surge também a manipulação emocional quando o agressor é confrontado e as sucessivas tentativas de isolamento social. Esses são alguns dos sinais de alerta que indicam que o relacionamento vai mal, assim como a segurança psicológica e emocional da mulher está em risco. >
Só em 2024, a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 registrou 9.090 denúncias de casos de violência contra a mulher na Bahia. O número aumento 11,6% em relação a 2023, quando 8.143 ocorrências foram registradas. Os dados são do Ministério das Mulheres. >
Em todo o país, os tipos mais recorrentes de denúncia foram a violência psicológica (101.007 denúncias); seguida pela física (78.651); patrimonial (19.095); sexual (10.203), violência moral 9.180) e cárcere privado (3.027). De acordo com a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres. >
Lanai Santana, pesquisadora do PPGNEIM – Ufba, ressalta que os primeiros sinais da violência, que são ignorados por muitas mulheres, têm início na violência psicológica. “Muitas mulheres podem ignorar sinais de controle excessivo, ciúmes, críticas constantes, agressões verbais, e até mesmo tentativas de isolamento social feitas pelo agressor. [...] Outros sinais podem incluir ameaças veladas ou abertas e a minimização das atitudes agressivas”, afirma. >
Por sua vez, Vanessa Cavalcanti, que é professora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da Universidade Federal da Bahia (PPGNEIM – Ufba), explica que a decisão de ignorar os sinais não é consciente e se dá pela crença esperançosa de que o parceiro ou a parceira vai mudar de atitude. >
“A violência psicológica, verbal e as ‘primeiras manifestações’ podem ser entendidas e tomadas como algo passageiro, que teve motivo qualquer, justificativas sobre temperamento, vínculos conservadores e machistas. A escalada e os riscos, em estudos acadêmicos, demonstram que há aumento e intensidade nas formas manifestas de agressões e atos consumados”, pontua Vanessa. >
Os sinais de alerta podem ser observados em traços de personalidade do agressor, como possessividade excessiva, ciúme patológico, agressividade verbal, mudanças de humor imprevisíveis e atitudes de desrespeito aos direitos e sentimentos da mulher. Quando houver possíveis indicativos de violência, a orientação é buscar ajuda. >
“É importante buscar apoio em redes de proteção, como familiares, amigos ou serviços especializados. As mulheres podem procurar atendimento através de canais como o Ligue 180, para orientação e encaminhamento, mesmo que a situação ainda não envolva agressões físicas diretas, o que são vistas como menor potencial ofensivo”, recomenda Lanai Santana. >