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Raquel Brito
Publicado em 30 de abril de 2024 às 06:00
Enxurradas, inundações, deslizamentos. Quem observa os eventos extremos e perigosos causados pela mudança climática pode imaginar que essas sejam as principais causas de morte pelo aquecimento global. O mais letal, porém, é outro problema grave: as ondas de calor.
A informação é do climatologista Carlos Nobre, um dos mais renomados do mundo. Em Salvador para o evento Cidades Sustentáveis, Nobre contou ao CORREIO que as ondas de calor matam milhões por ano ao redor do mundo. No Brasil, entre 2000 e 2018, foram 48 mil mortes por esse motivo, de acordo com pesquisa do Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
O especialista explica que, no ponto atual de aquecimento, as ondas de calor vão continuar existindo e se intensificando, mas existem desafios de adaptação a serem enfrentados.
“É preciso preparar a população. O sistema de saúde tem que estar muito melhor preparado para proteger a saúde dos mais vulneráveis às ondas de calor. Tem que haver uma adaptação do sistema de saúde para proteger todas as pessoas, principalmente idosos e idosas, que são as maiores vítimas”, diz.
A população mais pobre também está entre as mais afetadas, sobretudo em regiões quentes como o Nordeste. Nobre defende que, por motivos como esse, o desafio não é só ambiental, mas socioeconômico, uma vez que quem está às margens não tem o aporte financeiro para arcar com meios como ares-condicionados.
Além de problemas cardiorrespiratórios e desidratação, por exemplo, o calor causa riscos à saúde a partir do estresse. Ainda segundo a pesquisa norte-americana, bebês e idosos suportam meia hora de estresse por calor, enquanto pessoas jovens aguentam duas horas.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.