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Larissa Almeida
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 05:45
As altas temperaturas que assolam a Bahia têm impactado não apenas os baianos, que têm sofrido cada vez mais com o calor, mas também os animais. As aves de corte, especificamente, têm sido afetadas a ponto de não conseguirem manter o nível de desempenho em chocagem de ovos. Com isso, os avicultores têm relatado perdas de até 15% na produção do alimento no estado. >
Kesley Jordana, presidente da Associação Baiana de Avicultura (ABA), afirma que ainda não há registro do percentual geral de impacto na produção de ovos da Bahia, embora a entidade já saiba que, com as altas temperaturas, a produção está sofrendo uma redução. >
Ela explica que isso acontece por uma mudança no comportamento dos animais. “O calor excessivo faz com que as galinhas consumam menos ração, automaticamente ocorre um déficit energético que é essencial para a produção de ovos, reduzindo assim a produção. Sendo assim, o calor intenso faz com que a produção diminua”, elucida. >
Toda vez que há uma temporada muito quente, a mudança de comportamento das aves acontece em decorrência do estresse térmico. Essa condição faz com que os animais, em vez de direcionarem a energia para o ganho de peso e chocagem de ovos, usem essa energia para regular a temperatura. >
Jair Francisco Naide, gerente da Granja Ovos Ipê, localizada no entroncamento de duas vias próximas a Cruz das Almas, relata que a produção de ovos até 15% abaixo do esperado. Para tentar diminuir o impacto do calor, ele adota estratégias de climatização no aviário. >
“Temos um sistema de nebulização em que colocamos o dia todo uma bomba com spray jogando algo para tentar baixar a temperatura do aviário. Também colocamos ventiladores, mas ainda assim não tem sido suficiente”, diz. >
Com o uso desses mecanismos para aplacar o calor, o impacto financeiro é maior, porque há aumento no consumo de energia e de água. Como se não bastasse, há prejuízo no que se refere à qualidade dos ovos. “A casca do ovo fica mais fina e temos perdas de ovos, que acabam quebrando durante o processo de coleta, classificação e embalagem até esse produto chegar ao consumidor final. Chegamos a perder, hoje, em torno de 5% da qualidade”, ressalta. >
Na Granja Ave Natura, que fica situada em Irará, no Centro-Norte da Bahia, a produção de ovos está 10% menor do que o esperado para esse período do ano. Magno Silva, gerente da granja, conta que até o momento foram produzidos 4.500 ovos, quando o normal para o período seria 5 mil. >
“Eu estou tendo uma perda grande de rendimento porque, nesse ano, com o problema da gripe aviária nos Estados Unidos, a procura de ovo está bem grande e a gente não está tendo como atender”, se queixa. >
Por sua vez, o avicultor Jair Costa, que gere a Granja Confinave em Candeal, no nordeste do estado, conta que o impacto do calor gerou perda de apenas 3% na produção de ovos. Ele atribui o menor prejuízo frente a outras granjas ao fato de criar aves de postura, que são voltadas exclusivamente para a produção de ovos. >
“Mesmo com a temperatura muito alta, a ave de postura, por ser uma galinha menor, suporta mais o calor quando são colocados equipamentos de nebulização e ventilação. Por conta dessa demanda de temperatura, a única mudança é que ela consome mais água do que se alimenta, por isso choca menos ovos. Temos uma baixa de 3%, mas não é nada muito relevante”, pontua.>