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Larissa Almeida
Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 21:31
Seja por segurança ou qualidade de vida, a busca pela casa própria é o sonho de quase todo brasileiro. Para a maioria dos baianos, no entanto, ter a própria residência já é realidade. Isso porque, oito em cada 10 pessoas no estado moram em imóveis próprios. Dentre os 27 estados, a Bahia tem o 6º maior percentual de pessoas morando em domicílios próprios (79,7%) e o 4º maior percentual de pessoas que vive, em domicílios próprios já pagos (74,6%). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo do IBGE traz informações sobre as Características dos Domicílios do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022. Nele, foi evidenciado que todos os 417 municípios baianos têm a maioria da população em domicílios próprios, sendo que, em 355 cidades, mais de 75% da população morava em residências próprias. Esse é o caso de Ibitiara (95,1%), Guajeru (94,9%) e Ipecaetá (94,8%), que lideram o ranking.
Na capital Salvador, os domicílios cujos proprietários são residentes representavam 711.480 de um total de 958.731 – equivalente a 74,2%. Ao total, 1.816.651 pessoas (75,4% dos habitantes) moram em imóveis dos quais são donos. Dentre as capitais, isso coloca Salvador na 7ª maior percentagem de população vivendo em domicílios próprios.
Clímaco Dias, geógrafo e professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a grande proporção de pessoas vivendo na casa própria em Salvador se deve à estabilidade da ocupação demográfica da cidade. “A cidade conta com favelas antigas e bairros populares igualmente antigos, de modo que a grande maioria da população conseguiu habitação própria, mesmo com documentos precários”, conta.
O especialista também aponta que o aluguel, por impactar muito nas despesas, acaba sendo uma opção rejeitada pelos soteropolitanos. “As pessoas preferem viver até em lugares insalubres, que apresentam vulnerabilidades e condições negativas do que não ter a casa própria”, pontua.
Apesar de ter grande proporção de residências próprias, a Bahia tem perdido participação no total de estados que têm domicílios desde o ano 2000, quando chegaram a representar 81,5% das residências do estado. Para o historiador e doutor em urbanismo Ernesto Carvalho, isso se deve ao contexto econômico governamental.
“Se observarmos o desempenho do PIB baiano e da perda da capacidade financeira, somadas às crescentes condições para aquisição dos imóveis e as taxas aplicadas a nossa economia, é notável que tem se restringido de forma considerável a aquisição de imóveis”, analisa.
Com a dificuldade de aquisição de imóveis, o número de habitantes vivendo em casas alugadas ou em outras formas de habitação. Segundo o IBGE, os domicílios alugados representam 15,9% do total (807.323 em números absolutos), onde vivem 2,07 milhões de pessoas (14,7% dos habitantes do estado). Já os domicílios cedidos ou emprestados somam 258.891, representando 5,1% do total, onde vivem 681.891 baianos (4,8%).
O estado tem o 6º menor percentual de pessoas que moram em domicílios alugados (14,7%) e o 3º menor percentual de pessoas que moram em domicílios cedidos (4,8%). A proporção de domicílios alugados, inclusive, caiu entre 1980 (12,8%) e 2000 (9,2%), mas começou a aumentar em 2010 (foi a 13,5%) e seguiu em alta em 2022, atingindo o maior patamar em 42 anos (15,9%).
Para Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE, o crescimento do número de domicílios de aluguel se deve a uma combinação de fatores. “Existe o fator renda, visto que algumas famílias não têm condição de adquirir um imóvel próprio, mesmo que ele seja simples. Além disso, existem cidades que recebem muitas pessoas que migram. Essas pessoas normalmente iniciam suas vidas em um domicílio alugado”, ressalta.
O perfil dos residentes das casas alugadas corresponde a jovens de 25 a 29 anos, que estão saindo da casa dos pais para começar a vida sozinho ou estudar. “São pessoas que, normalmente, estão alugando domicílios com outros jovens, como em repúblicas. Além disso, pessoas que estão iniciando as próprias famílias e a vida profissional acabam não tendo condições ou não querendo comprar um imóvel”, explica.
Em Salvador, 488.098 pessoas (20,3% ou 1 em cada 5 habitantes de Salvador) vivem em domicílios alugados. Estes, por sua vez, representam 205.523 (21,4%) das casas da cidade. Com isso, a capital baiana ocupa a 8ª menor proporção de moradores em domicílios alugados (20,3%).