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Perla Ribeiro
Publicado em 14 de novembro de 2024 às 13:41
Com maestria, as mãos dos oleiros e oleiras deslizam no barro, que vai sendo moldado. O barro ganha formas e dá vida às peças de artesanato. Essa é uma tradição que já acumula mais de 300 anos em Maragogipinho, distrito de Aratuípe, que é considerado o maior centro oleiro da América Latina. Lá, os moradores fazem do barro o seu ofício e a sua arte. A cerâmica é considerada uma das atividades econômicas mais importantes da região. Agora, esse ofício pode ser transformado em Patrimônio Imaterial da Bahia.
O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) deu início à abertura do processo de registro especial do Ofício de Oleiros e Oleiras de Maragogipinho como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado da Bahia. A notificação foi publicada no Diário Oficial do Estado, nesta quinta-feira (14).
O fazer cerâmica é um saber passado de geração em geração e pode-se ver famílias inteiras nas olarias, como a de Sr. Almerentino, o oleiro mais velho da comunidade, que aprendeu o ofício aos 7 anos, moldando caxixis, que são pequenas peças de cerâmica.
O presidente da Associação de Auxílio Mútuo dos Oleiros de Maragogipinho (AAMOM) Davi Lima ressalta a importância desse passo para a comunidade: "O início do processo de patrimonialização é de grande importância para a comunidade de Maragogipínho, que vive do fazer artesanato. Esse reconhecimento nos fortalece porque resguarda uma história viva, que é passada de geração em geração".
Para o diretor-geral do Ipac Marcelo Lemos, esse foi um passo importante para a cultura da comunidade de Maragogipinho: “O registro é um reconhecimento essencial para a valorização desta prática tão rica e identitária. Esse primeiro passo só reforça o valor que a cerâmica tem para a comunidade e a conexão dos nativos de Maragogipinho com o seu território”.
O parecer técnico do pedido, desenvolvido por Adriana Cerqueira, antropóloga e Gerente de Patrimônio imaterial do Ipac, mostra que o ofício dos Mestres Oleiros de Maragogipinho é uma prática tradicional que acompanha a história da Bahia.