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Maysa Polcri
Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 14:00
Quando um novo ano começa, você tem mais pedidos a fazer ou momentos para agradecer? Para quem sobe a Colina Sagrada durante a primeira sexta-feira do ano, celebrada hoje (3), a pergunta nem sempre tem resposta fácil. Mais de 50 mil pessoas são esperadas no Santuário do Senhor do Bonfim, que, nas primeiras horas da manhã, já estava ainda mais colorido com as tradicionais fitas amarradas no gradil. Entre os pedidos, saúde foi um dos mais repetidos entre os fiéis e simpatizantes.
Nem sempre uma tradição começa na infância ou juventude, e a aposentada Relva Maria, de 76 anos, é prova disso. Católica, a baiana não tinha o costume de frequentar a Basílica do Bonfim até a pandemia. Quando as condições sanitárias preocupavam o mundo todo, a família sofria com a perda de um sobrinho, de 32 anos, e um tio - ambos vítimas da covid-19.
"Nossa família passou por momentos complicados e entendemos que precisamos sempre agradecer pela saúde. A pandemia nos trouxe para esse momento de fé aqui com o Senhor do Bonfim", explicou Maria de Fátima, filha de Relva Maria. Mãe, avó e neta fizeram questão de anotar os pedidos para 2025 em um papel e depositá-lo em uma das caixas espalhadas na Colina Sagrada.
As portas da Basílica ficaram abertas para receber os fiéis que fazem questão de orar dentro do templo. Foi preciso ter paciência para se acomodar durante o vai e vem intenso de devotos vestidos de branco. O autônomo Caio Alves, 38, foi um dos muitos que suavam embaixo do sol quente enquanto tiravam fotos em frente ao gradil. Morador do Garcia, ele foi sozinho ao Bonfim pedir graças para o novo ano durante a "Sexta-feira da Proteção".
"Eu caí pintando a casa um pouco antes do Natal, bati a cabeça e machuquei o braço. Graças a Deus não foi nada mais grave, mas ainda sinto um desconforto", contou Caio. A queda impediu que ele fosse para a Ilha de Itaparica durante a virada do ano. "Por isso, vim pedir saúde. Saúde é o principal. Sem ela a gente não vive, não trabalha", ressaltou.
Ao longo de todo o dia, 13 missas campais serão realizadas em frente ao templo. Toldos e cadeiras foram instalados para acolher os fiéis. A primeira missa foi celebrada às 5 horas. A última está prevista para as 18 horas. Durante a manhã, o cardeal Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, celebrou um dos cultos e proferiu uma mensagem para o novo ano.
Cacilda Batista, de 63 anos, era só alegria apresentando o santuário à neta Laura, de 4 anos, que visitou o local pela primeira vez. Com a família trajada de branco, a baiana fez questão de listar os motivos para agradecer ao Senhor do Bonfim. "Foram muitas graças alcançadas em 2024. Consegui construir a nossa casa e estou aposentada. Sou muito grata por tudo", falou.
Os pedidos, é claro, também estavam na ponta da língua. "Saúde e paz são os pedidos que importam. Com eles, a gente vai longe", disse. Comerciantes aproveitam o momento de celebração para vender as fitinhas do Senhor do Bonfim. Uma dezena não sai por menos de R$ 5.
Enquanto conversava com a reportagem após a missa das 9 horas, o padre Edson Menezes, reitor da Basílica do Bonfim, era abordado por inúmeros fiéis que pediam bênção. O religioso lembrou que a Igreja Católica celebra o Jubileu Ordinário, com o tema "Peregrinos da Esperança", em 2025. A festa comemora a presença de Jesus Cristo no mundo a cada 25 anos.
"Como 2025 é um ano jubilar, o ano da esperança, transmitimos uma mensagem de ânimo, coragem, confiança e estímulo, para que possamos prosseguir, firmes sem desanimar", falou.
A temperatura quente, movimentação intensa de baianos e turistas e o coro do hino do Senhor do Bonfim, nesta sexta-feira (3), foram como uma amostra do que está por vir no dia 16 de janeiro - quando será realizada a Lavagem do Bonfim. Se depender dos fiéis que lotaram o templo, não faltará devoção e aperto durante a festa.