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O mercado do reforço escolar: empresas se estruturam e chegam a faturar milhões

Para jovens universitários, dar aulas particulares traz possibilidade de renda extra

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 20 de janeiro de 2024 às 05:00

A R4 foi fundada em 2016 e já vai abrir a quarta sede física
A R4 foi fundada em 2016 e já vai abrir a quarta sede física Crédito: Divulgação

Em 2016, o então estudante Raphael Lyrio se deparou com um cenário inesperado. Seu pai tinha perdido o emprego e ele se viu diante da necessidade de encontrar um emprego. Na época, cursava Engenharia Química no Instituto Federal da Bahia (Ufba) e teve uma ideia que veio de sua própria trajetória como aluno: daria aulas de reforço escolar.

Era tudo bem tradicional - inclusive com o de nome 'banca', como essa modalidade de ensino é chamada na Bahia. "Eu ia na casa dos alunos, levava o livro de apoio e ajudava os alunos com necessidade. Sempre fui esse aluno que precisava de banca, de reforço. Não era excelente e sempre precisei desse apoio", lembra.

Dificilmente ele imaginaria que, oito anos depois, estaria à frente de uma empresa com 28 professores especializada nesse serviço. Tendo fechado 2023 com mais de 600 alunos, a R4 Reforço Escola vai abrir sua quarta sede física este ano - em Alphaville, para se unir às unidades da Itaigara, Graça e Horto Florestal. Para ele, que trocou a engenharia pela licenciatura em Matemática na Universidade Federal da Bahia (Ufba), o caso da R4 está relacionado a um contexto maior: em que há cada vez mais demanda por um complemento às aulas da escola tradicional.

"A pandemia (da covid-19) foi um divisor de águas de forma negativa para a educação brasileira e mundial. Houve uma defasagem muito grande. Os alunos que hoje estão entrando no Ensino Médio estavam tendo aula online em 2020 e 2021, num ensino que foi introduzido sem preparação. Hoje, a gente consegue perceber alunos do primeiro ano do Médio que têm dificuldades com assuntos do 7º ano. Então sempre coincide com a pandemia", analisa.

Com necessidades mais específicas dos alunos e um mercado em ascensão, dar aulas de reforço escolar pode ser uma alternativa de carreira para muita gente. Nas empresas maiores, o faturamento chega a ser milionário. Esse é o caso da Monitorias Reforço Escolar, empresa fundada por dois estudantes de licenciatura em Ciências da Universidade de São Paulo (USP) em 2015 e cuja previsão de faturamento chega a R$ 5 milhões em 2024. 

Pouco antes da pandemia, decidiram expandir para o modelo de franquias e, atualmente, são 110 unidades em todo o país. Dessas, oito ficam na Bahia - todas chegaram após 2020. A maioria está localizada em Salvador, mas há franqueados em Feira de Santana, Itabuna e Lauro de Freitas.

Ano a ano, a cofundadora da empresa, Carolinne Coutinho, vê a demanda por aulas e professores crescer. "Desde 2015 até hoje, só aumentou. Nunca diminuiu. A gente tem 'ene' motivos e uma diversidade de alunos para fazer as aulas. Não são as mesmas necessidades ou motivos para todos", explica.

Fundada por ex-estudantes da USP, a Monitorias Reforço Escolar tem 110 unidades hoje
Fundada por ex-estudantes da USP, a Monitorias Reforço Escolar tem 110 unidades hoje Crédito: Divulgação

Outro caso é o do Kumon, que já tem mais de 1,5 mil franquias espalhadas pelo país. Fundada no Japão em 1958 por um professor de matemática que criou uma metodologia de ensino, a empresa oferece aulas de matemática, inglês, português e japonês.

Economia

Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil, como explica a pesquisadora Andreia Gouveia, doutora em Educação e professora da Universidade Portucalense, em Portugal. Nos últimos anos, ela desenvolveu pesquisas sobre o tema, inclusive sobre a realidade brasileira. No doutorado, estudou o caso dos cursos comerciais de reforço em Brasília.

“Na Ásia, esses centros têm uma expressão massiva. As empresas de explicações (como são chamadas em Portugal) têm forte dimensão e presença de mercado. Algumas são até cotadas em bolsas. Sendo um serviço da área de educação, acaba por ter uma mercadorização, por ter uma economia (envolvida)”, explica.

Essa economia diferencia especificamente o que são os reforços escolares particulares de um eventual apoio que amigos, vizinhos ou parentes possam oferecer aos estudantes de convívio mais próximo sem custo. De acordo com ela, há dois grupos de alunos. O primeiro é formado por aqueles estudantes que tiveram algum desempenho ruim ou com notas baixas e que, por isso, precisam de um auxílio suplementar para atingir pontuações melhores.

O segundo grupo é o dos alunos chamados ‘excelentes’, que já têm classificações altas, mas buscam aulas de reforço para aumentar ainda mais as chances de conseguir uma aprovação nos cursos mais concorridos das principais universidades do país. “A expressão máxima da procura por reforço escolar é o exame de acesso”, acrescenta.

Por isso, é possível até entender que o reforço escolar é algo mais amplo do que já ofereceu no passado. Ainda existe, de fato, um forte mercado de aulas particulares - a tradicional banca. Mas há também outras possibilidades.

Além do reforço online, estudantes podem optar por assinar cursinhos preparatórios na web, que costumam ser mais em conta do que os presenciais, ou mesmo optar por cursar as disciplinas ‘isoladas’. Essas últimas, por sua vez, ainda são mais buscadas por estudantes que já saíram da escola, mas têm atraído aqueles alunos ainda no ensino médio de forma crescente.

Covid

Foi justamente na pandemia que teve início a Help Reforço Escolar, empresa que hoje atua com uma equipe de professores em Salvador e Villas do Atlântico, em Lauro de Freitas, dando aulas a alunos de 4 a 17 anos de idade. Fundada há três anos, a Help já atendeu mais de 500 alunos e hoje conta com cerca de 320 estudantes ativos.

A maioria dos estudantes acompanhados por eles não é formada necessariamente aqueles alunos que estão com dificuldade ou prestes a ir para a recuperação, de acordo com a CEO da empresa, Lara Lopes. “O que a gente mais vê são famílias que não têm tanto tempo para acompanhar, chegar em casa, abrir o caderno e ver a atividade. A família percebe que não tem como dar essa assistência e contrata a Help por isso”, explica.

Há quem faça as aulas avulsas, focadas em alguma prova ou período específico, mas a maioria é de alunos fixos, que fazem entre duas e três vezes por semana. Para ela, tem havido mesmo aumento da demanda. Isso se deveria justamente a uma dificuldade herdada do período da pandemia, quando as aulas aconteceram no modelo remoto e nem as escolas, nem os professores e nem as famílias estavam totalmente adaptados.

Essa é uma questão recorrente, por exemplo, entre os alunos que foram alfabetizados nessa época, nas aulas online. “Além disso, parece que a vida vai ficando mais corrida a cada dia, então as famílias vão recorrendo a estratégias porque realmente não têm tempo”, explica.

Desde o final do ano passado, ela já tem recebido matrículas de estudantes que devem continuar este ano. A mensalidade online com duas aulas por semana sai por R$ 350, enquanto a presencial no mesmo período fica R$ 440. Por conta do próprio perfil dos alunos que buscam o reforço com a empresa, a Help oferece também cursos de férias desde a primeira semana de janeiro.

Lara é CEO da Help, empresa que já atendeu mais de 500 alunos em Salvador e Lauro de Freitas
Lara é CEO da Help, empresa que já atendeu mais de 500 alunos em Salvador e Lauro de Freitas Crédito: Divulgação

“Dezembro é um mês que tem muitas festas, mas janeiro já é um mês mais morto. Muitas famílias preferem que a gente mantenha as aulas numa proposta mais lúdica para as crianças não ficarem o tempo todo no videogame ou no celular. A ideia é facilitar a vida das famílias”.

Renda

No R4 Reforço Escolar, a busca das famílias começa no 9º ano do Ensino Fundamental. Por ser porta de entrada para o Ensino Médio, é comum que estudantes busquem recuperar mais a base de matérias como Matemática. "Quando o aluno chega no Fundamental, a gente consegue recuperar essa base com muita tranquilidade. O difícil não é explicar logaritmo, o difícil é explicar logaritmo quando o aluno não sabe somar", explica o CEO do curso, Raphael Lyrio.

Hoje, são três unidades físicas do curso em Salvador. A quarta, porém, será inaugurada este ano, no bairro de Alphaville. Os números crescem a cada ano: enquanto no fim de 2022, tinham 248 alunos, fecharam 2023 com 600 - um aumento de 141%. Para isso, também passaram de 20 para 28 professores.

Todas as salas têm iPad e televisão, com máximo de quatro alunos. Tudo que o professor faz no tablet é exibido no televisor. A metodologia foi pensada para unir a tecnologia ao objetivo dos estudantes, especialmente pela familiaridade que os mais novos têm com plataformas como YouTube e TikTok. Além disso, um dos diferenciais é a ida do aluno ao local das aulas - não do professor.

"Essa estratégia começou porque eu sempre gostei de videoaula, mas sentia necessidade de ter um professor para tirar as dúvidas da videoaula. Eu sempre falo que o R4 são videoaulas presenciais, porque o professor está do seu lado".

O valor da hora aula de 50 minutos é R$90. Com desconto progressivo pela frequência, a mensalidade dos alunos fica entre R$400 e R$700.Para Lyrio, dar aulas de reforço escolar é um dos melhores trabalhos para estudantes universitários que precisam de uma renda. Na época em que começou, ele tentou ser atendente de telemarketing e até trabalhar em shopping center, antes que um amigo fizesse a sugestão.

"Após isso, o negócio foi crescendo. Antes, era só Raphael (pessoa física), depois foi expandindo para outros amigos. Foi um crescimento muito bacana", completa. O faturamento mensal é variável, dependendo da quantidade de aulas dos alunos - que não é fixa.

A possibilidade de renda extra também foi o que motivou o surgimento da Monitorias Reforço Escolar, como explica a cofundadora Carolinne Coutinho. Quando eram estudantes de licenciatura, ela e o CEO da empresa, Rafael Leonardo Rocha, perceberam que dar aulas particulares a crianças trazia a possibilidade de retorno financeiro.

Com o esforço dos dois para profissionalizar, a empresa começou a crescer a cada ano. Atualmente, são atendidos alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental até o terceiro ano do Ensino Médio. No início, era da forma tradicional, com aulas em domicílio. No entanto a pandemia, ir às casas deixou de ser uma opção e as aulas passaram a ser feitas de forma online.

"A gente se perguntou: como a gente vai para o online sem perder a qualidade do atendimento? A gente viu que as escolas também transferiram para o online, mas os alunos não estavam conseguindo aprender de forma concreta. A gente precisava partir de algo diferente", conta Carolinne.

Assim, eles buscaram montar aulas personalizadas, a partir de uma anamnese com cada aluno, com o objetivo de entender as dificuldades de cada um. Não são vendidas aulas avulsas, mas o pacote com quatro aulas fica por R$297. Desde 2019, a Monitorias tem franqueados. Entrar nesse novo modelo foi praticamente uma consequência natural da ampliação constante.

As franquias seguem o mesmo formato online e atendem regiões específicas, mas a contratação dos professores ainda fica a cargo da matriz. Hoje, são cerca de 300 ativos, mas a lista de cadastrados passa de quatro mil. Eles estão até em outros países, como Chile, Portugal e Canadá. "Isso permite que a gente mantenha a qualidade dos professores e faz com que as franquias não tenham que se preocupar com a seleção", acrescenta Carolinne.

Uma alternativa para quem quer começar a dar aulas de reforço escolar por conta própria e ainda não tem alunos é oferecer o serviço em plataformas especializadas em aulas particulares. Alguns exemplos disponíveis no Brasil são a SuperProf e a Profes.

Preparatórios

Já no Ensino Médio, para alunos cuja rotina impede aulas em horários fixos além das aulas da escola, outra possibilidade são os cursinhos pré-vestibular online. Entre as principais empresas, os cursos extensivos com foco no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) têm preços mensais a partir de R$24,90.

Para o coordenador pedagógico da Descomplica, maior plataforma de ensino digital do Brasil, Claudio Hansen, a ideia de reforço é muito mais ampla do que antes - e o ensino online só enfatiza isso. "A gente não pode só falar de reforço. Se o aluno tem uma dúvida hoje, é muito simples buscar essa dúvida. As pessoas podem estudar o que elas querem aprender e se especializar, não apenas reforçar".

Na Descomplica, 60% dos estudantes em 2023 já tinham terminado o Ensino Médio. O restante - quase 40% - se dividia entre alunos que estavam na escola, inclusive no Ensino Fundamental. O maior percentual, porém, era dos que estão no terceiro ano do Ensino Médio, com 30,7%. A plataforma tem videoaulas com o conteúdo do Ensino Médio, mas mostrando como aquele tema é cobrado na prova do Enem. Na biblioteca de vídeos, o estudante pode buscar um tópico específico dentro de uma área daquela disciplina.

Se um estudante quer rever algo de Movimento Uniformemente Variado (MUV), como uma fórmula, por exemplo, ele pode buscar o assunto pelo nome mais direto. Não precisa ver tudo de Cinemática, a área da Física que engloba o MUV.

"Essa metodologia combina muito com o perfil do Ensino Médio, que às vezes não quer assistir uma aula inteira, mas só tirar uma dúvida. Se você pensar primeiro no que é o digital, o aluno não precisa esperar o dia, a hora ou a semana que vai ter aquela aula. Ele pode estudar aquele conteúdo em qualquer momento", diz Hansen, comparando a situação com a televisão aberta e os serviços de streaming.

Segundo ele, a Descomplica tem muitos alunos que ainda estão no Ensino Médio, ainda que não sejam o maior público da plataforma. O crescimento em comparação às empresas exclusivas de reforço tradicional não é tão expressivo porque, nos últimos anos, o Enem teve queda no número de inscritos.

Em 2023, foram pouco mais de 4,6 milhões em todo o país, mas esse número já foi quase o dobro em 2012, quando foram registradas 8,7 milhões de inscrições. Essa redução global, porém, foi compensada com o crescimento do montante de pessoas interessadas no ensino online durante e após a pandemia. Foi como se houvesse um equilíbrio da balança.

Há, contudo, uma diferença no perfil desses estudantes. "Quando a gente pensa no aluno mais focado o Enem, não tanto no Ensino Médio, percebe um consumo muito alto de Redação e Matemática, que são notas que valem muito para o Enem. Quando a gente pensa no aluno do Médio que quer tirar dúvida, é impressionante como as Exatas bombam".

Na Plataforma do Professor Ferretto, a maior parte dos usuários também é de alunos que já saíram do Ensino Médio. Logo em seguida é que vêm aqueles que estão no terceiro ano do médio. Por fim, há também os das demais séries, mas em proporção menor, de acordo com o professor Flávio Landim, que ensina Biologia na plataforma.

Para Landim, conciliar o estudo online com as aulas da escola pode ser desafiador pelo tempo requerido. A recomendação deles, nesses casos, é que as pessoas sigam o roteiro definido pela escola, não da plataforma.

"De modo geral, é muito difícil o trabalho da escola, uma vez que temos dezenas de alunos numa sala, sendo que cada aluno tem níveis de conhecimento e interesse bem diferentes. Assim, uma aula que, na escola, é pensada para atender a média dos alunos, pode ser além ou aquém do interesse de uma parcela de alunos", analisa.

Busca por disciplinas ‘isoladas’ também desponta

Outro mercado que cresceu nos últimos anos foi o das chamadas disciplinas isoladas - que são conhecidas por esse nome mesmo. Uma das mais antigas em Salvador é a isolada de Física do professor Marcelo Barreto, conhecido como Fininho.

"Muitas vezes, o reforço (tradicional) não atende o aluno porque é um custo muito alto. Não é que não seja bom, mas é mais individualizado. Quanto mais individualizado for, maior o investimento", explica.

Enquanto isso, as disciplinas isoladas podem ser uma revisão ou um aprofundamento de alguns conteúdos, com foco em provas específicas. Na Bahia, por exemplo, muitos professores da área de Exatas oferecem disciplinas focadas no vestibular da Escola Bahiana de Medicina ou da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O valor mensal de cada uma costuma variar entre R$100 e R$500.

A isolada do professor Fininho foi fundada em 2008, mas passou a ter a versão online em 2016. Nos últimos anos, contudo, a demanda tem crescido gradualmente, já que essas disciplinas têm se popularizado mais.

"Eu não posso, num curso de matéria isolada, dar a mesma aula que eu dou na escola. O conteúdo, em si, é o mesmo, mas tem que ser direcionado (para uma prova específica). Os alunos que buscam as isoladas, 99% deles pretendem fazer Medicina e buscam acelerar o aprendizado no que diz respeito à resolução de questões”, acrescenta.

Já a isolada Linguagem e Questão, oferecida pelo professor Deco Duarte para Literatura e Gramática, ficou 100% online a partir da pandemia. Ele oferece sempre uma turma focada no Enem e outra turma dedicada aos exames estaduais. Enquanto a dos vestibulares locais têm se mantido constante, a procura pela do Enem cresceu cerca de 30% desde 2020.

O público já não é mais só o de Salvador - além de alcançar alunos de outras cidades baianas, ele tem estudantes de outros estados. A isolada de Linguagens é menos comum do que as de Exatas, que têm muitos professores no mercado. “Por outro lado, o fato de não existirem tantos professores de Português oferecendo cursos online quanto Física e Química, por exemplo, acaba sendo um elemento a meu favor”, comenta.

O professor Deco Duarte oferece uma disciplina isolada de Gramática e Literatura
O professor Deco Duarte oferece uma disciplina isolada de Gramática e Literatura Crédito: Reprodução/YouTube

Para tornar as aulas mais interessante, ele já investiu cerca de R$30 mil em equipamentos de áudio e vídeo. Além disso, uma vez que as aulas ficam gravadas, ele também faz o tratamento do áudio dos vídeos antes de disponibilizá-los.

“Isso torna a aula muito mais rica do que na época que só tinha o celular no rosto. Online não é só mais isso, não é só colocar o celular lá e fazer”, pondera. Duarte estima que apenas cerca de 20% de seus alunos na isolada ainda estejam na escola. Para ele, esse número ainda é resultado de uma falta de maturidade com as provas.

Quem está no colégio muitas vezes ainda não sabe como é o formato dos exames ou tem que dar conta de uma alta carga horária no terceiro ano. “O estalo costuma ser a nota do Enem, quando o aluno percebe que teve aula o ano inteiro e não conseguiu ter um desempenho bom. É a coisa de pagar para ver. No caso de Português, é muito mais simples não perder o ano, não ser reprovado (na escola)”.

Ainda que a maior parte dos inscritos seja de pessoas que já saíram da escola, a isolada do professor Digenal Cerqueira, que é de Biologia, tem alunos até do segundo ano do Ensino Médio. Em geral, eles buscam não apenas uma aula de Biologia, mas um treinamento específico para uma determinada prova.

“A isolada é voltada para o resultado, para o alto rendimento. Às vezes, o cara até sabe Biologia, mas não tem as manhas da prova”, diz ele, que oferece turmas há 20 anos em Aracaju (SE) e, há seis anos começou a ter turmas presenciais na Bahia, além de turmas online.

As vagas presenciais esgotaram ainda em dezembro. A demanda foi aumentando, segundo ele, à medida que o trabalho foi ficando mais conhecido. Nos dois últimos semestres, começaram a chegar a maioria dos estudantes que ainda está na escola - antes disso, praticamente todos que faziam já tinham concluído.

“Adolescente sempre anda em grupo, então quando um vê que um amigo teve um resultado positivo com um determinado produto, ele busca aquilo. Com as turmas online, acabo conseguindo também suprir a demanda dos alunos que têm menos tempo”.