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Vitor Rocha
Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 20:57
Orixá dos mares e única figura afrodiaspórica a ter uma festa popular em sua homenagem, a imagem de Iemanjá foi restaurada para a festa deste ano, no tradicional 2 de fevereiro. Nesta quinta-feira (30), a prefeitura de Salvador e a Fundação Gregório de Mattos (FGM) anunciaram a restauração da imagem da divindade, localizada em frente à Colônia de Pesca Z1, no bairro do Rio Vermelho. >
O restaurador José Dirson Argolo, responsável pelo projeto de restauração da escultura, afirmou que a ideia era retornar às características originais da obra, concebida pelo artista Manoel Bonfim há 56 anos. >
“O monumento havia sido adulterado nos últimos anos por pessoas leigas. Por exemplo, esse pedestal de cerca de 600 búzios estava escondido por argamassas e pinturas. Precisamos usar bisturis cirúrgicos para conseguir recuperá-lo. No caso de Iemanjá, havia várias camadas de tinta que foram removidas, também por bisturis cirúrgicos. É o mais próximo possível da obra original”, explicou ele.>
Apesar da intenção de restituir a escultura original, José Argolo disse que manteve adornos e adereços colocados por devotos ao longo dos anos. “Eu tinha uma grande amizade com Manoel. Fui professor dos filhos dele, que também são artistas plásticos. É muito emocionante retribuir aos moradores do Rio Vermelho e aos devotos de Iemanjá a recuperação das características originais da escultura”, afirmou.>
Patrimônio imaterial de Salvador desde 2020, a Festa de Iemanjá possui grande importância no combate ao preconceito contra a cultura afro. É o que pontuou o diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da FGM, Chicco Assis, reiterando a importância de dar um passo adiante na preservação dos monumentos e da manifestação popular. Ele utiliza como exemplo o plano de salvaguarda, elaborado ano passado junto aos pescadores.>
“Quando a gente fala de patrimônio imaterial, nós estamos falando de pessoas. Um plano de salvaguarda é utilizado para criar uma série de ações para preservar e divulgar os bens. Somente a patrimonialização não consegue dar o valor devido a história e cultura de uma festa como a de Iemanjá. Ela [a festa] mostra como a cultura afro-brasileira contribui para a identidade do soteropolitano”, disse Chicco.>
Na cerimônia, que teve intervenções artísticas das Filhas de Gandhy, Chicco também anunciou a requalificação de seis barcos usados pelos pescadores da Colônia de Pesca Z1. A iniciativa é realizada pela FGM, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Até o momento, três embarcações já tiveram as reformas concretizadas, enquanto a outra metade passará pelo mesmo processo após a Festa de Iemanjá.>
Presidente da Z1, Nilo Garrido revelou empolgação com o evento deste ano, mas destacou a dificuldade de realizar a festa no final de semana. “Esse ano, como vai acontecer domingo, vai ter muito mais gente que o normal. Vai ser mais trabalhoso para a gente que está organizando, mas também vai ser mais gratificante. O preço para reformar os barcos ia ser muito caro para os pescadores”, declarou.>
O evento também contou com o projeto “Patrimônio é…”, uma roda de conversa educativa da FGM. Nesta edição, a jornalista Cleidiana Ramos e a doutora em Sociedade e Cultura Cecília Queiroz conversaram sobre a origem e o papel dos pescadores para a Festa de Iemanjá. Para as convidadas, o evento ocorre por conta da devoção dos pescadores, sendo uma festa da comunidade em que o resto da cidade também é convidado.>
“A festa iniciou na década de 1920, em que os pescadores passaram por uma escassez de peixes e fizeram uma homenagem para a Rainha do Mar. No início, o principal local de adoração a Iemanjá era em Monte Serrat, mas o Rio Vermelho foi tomando esse protagonismo com o tempo”, explicou Cleidiana.>
Tema: "Renascer com as Águas de Yemanjá”>
Sábado (1º)>
Domingo (2) >
Saída do presente principal às 4h30, no Terreiro Olufanjá – Ilê Axê Iyà Olufandê, com previsão de chegada às 5h na Colônia de Pesca Z1, com alvorada de fogos>
Das 5h às 16h, o presente estará disponível no caramanchão para que as pessoas possam adicionar flores e objetos em balaios que não poluam o mar>
Entrega do presente ao mar às 16h>
Após as 16h, o presente principal será conduzido pelos pescadores para a embarcação e seguirá por mar até o Buraco de Iaiá, buraco em formato de concha situado a três milhas náuticas da terra>