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Nove obras estão abandonadas na Universidade Federal da Bahia

Quatro edificações têm 15 anos em andamento e mais de uma década de atraso

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 23 de abril de 2025 às 05:00

Instituto de Ciência da Informação nunca foi entregue Crédito: Marina Silva/CORREIO

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) tem nove obras paralisadas que se encontram em situação de abandono. Algumas delas, como é o caso da construção do prédio do Instituto de Ciências da Informação (ICI), se tornaram edificações fantasmas e condenadas. Outras, como o erguimento do complexo do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências, somam 15 anos de inatividade. Juntas, todas elas representam um investimento de R$ 54,6 milhões – dos quais R$ 36,1 milhões já foram gastos, sem que nenhuma obra tenha sido entregue.

Entre as obras paralisadas e inacabadas, a Ufba listou as seguintes: construção da biblioteca Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, construção do Anexo do Instituto de Física e do Instituto de Química, construção do Edifício Sede da Escola de Música, construção do complexo do Ihac, reforma e ampliação da Escola de Medicina Veterinária, reforma da Faculdade de Odontologia para instalação do Laboratório de Prótese, construção do prédio Anexo da Politécnica, construção da sede do Instituto de Ciência da Informação e reforma da fachada da Faculdade de Odontologia.

As motivações para a paralisação são diversas. No caso da obra de construção da sede do Instituto de Ciência da Informação, que foi licitada em 2012, a Ufba apontou embargos judiciais como impeditivo para continuação do projeto. Em 2018, uma reportagem do CORREIO obteve um relatório do Ministério de Educação (MEC), que apontava a obra como a de maior problema, uma vez que as empresas executoras descumpriram o contrato.

A comunicadora Ana Pedreira passou sete anos na Ufba, tendo feito graduação e mestrado, além de ter enfrentado um semestre atípico por conta da pandemia e uma greve. Nesse tempo todo, ela conta que sempre passou pelo esqueleto do Instituto de Ciência da Informação sem ver nenhum vestígio de movimento de profissionais do ramo da construção civil e engenharia.

“O que parecia, logo no início, é que eram obras acontecendo e isso despertou minha curiosidade. Eu pensava sobre o que seriam esses prédios e o que eles teriam. Ficamos com uma certa curiosidade e empolgação. Depois, ao longo dos anos, percebemos que não eram obras em andamento. Eram obras abandonadas, não havia uma movimentação de construção ou funcionários”, conta Ana.

A obra do prédio anexo à Escola Politécnica tem uma história parecida. Com uma licitação no valor de R$ 4,5 milhões, formalizada em 2010, a construção só teve a primeira etapa concluída até então. Um estudo feito por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufba (Faufba), vinculados ao Laboratório de Práticas em BIM (LaBIM/Ufba), constataram uma série de deteriorações na edificação, em 2023.

Os estudantes documentaram 66 ocorrências, contendo um total de 200 manifestações patológicas. As mais comuns indicavam corrosão e exposição de armaduras, fissuração e manchas de umidade, que demandavam inspeção emergencial e intervenção imediata, uma vez que o grau de dano foi considerado crítico.

As obras no prédio anexo à Politécnica foram retomadas parcialmente em 2023 e estudantes relataram à reportagem uma movimentação de profissionais do ramo construtor durante o ano de 2024, mas apenas para reforçar a estrutura, ou seja, sem que novos avanços tenham sido feitos. A Ufba indicou, por meio de documento, que há previsão de outra licitação para 2026.

Acordos desfeitos

Outras construções estão paradas, segundo a universidade, por problemas com a empresa contratada. Esse seria o caso do Anexo do Instituto de Física e do Instituto de Química, que está fechado desde 2009, quando a Escola de Ciências da Ufba sofreu um incêndio. A Ufba afirma que há uma licitação em andamento, com conclusão prevista para 2027. O mesmo prazo foi dado para a reforma e ampliação da Escola de Medicina Veterinária, que se arrasta desde 2012 e teve o contrato expirado com a empresa executora.

Por sua vez, a reforma da Faculdade Odontologia tem previsão de licitar a conclusão neste ano, depois de uma solicitação da empresa que ficou responsável pelo projeto através da licitação realizada em 2017. De acordo com a Ufba, a construtora suspendeu o contrato por incompatibilidades no projeto. A fachada da Faculdade de Odontologia, no entanto, segue sem previsão de licitação, 14 anos após o anúncio das obras.

Quanto a construção do complexo do Ihac, há licitação em andamento e conclusão prevista para 2026. A obra, de 2010, está parada após ter sido abandonada pela empresa, informa a universidade. A construção do Edifício Sede da Escola de Música, também iniciada em 2010, tem licitação em andamento dos projetos dos blocos A, B e C com execução dos blocos A e B (contratação integrada) com a conclusão da obra prevista para 2028. A obra parou por embargos judiciais.

A construção da biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, que foi licitada em 2016, teve a segunda etapa concluída no ano passado e está com a licitação da terceira etapa em andamento, com conclusão prevista para 2027. O motivo do atraso, segundo a Ufba, foi a necessidade de realização da construção em etapas.

Orçamento

Em 2018, a Ufba informou ao CORREIO que um dos motivos principais para o atraso das obras licitadas, à época, era o “cenário de grande dificuldade” nos últimos anos em função do “contingenciamento de recursos”, isto é, corte de verbas. A reportagem procurou a universidade para pedir um posicionamento atual sobre as motivações, mas a assessoria de imprensa informou que não conseguiria atender a demanda no prazo solicitado.

Ao ser procurado, o MEC disse que está tentando recuperar o orçamento da Ufba. “O MEC está em diálogo constante com a Reitoria da UFBA sobre as demandas da comunidade acadêmica. Nesse contexto, a pasta vem fazendo, desde 2023, um esforço consistente para recuperar o orçamento das universidades federais”, disse em nota.

“Esse esforço foi materializado nas suplementações ocorridas nos anos de 2023 e 2024. Essa recuperação é necessária em função das grandes perdas que as universidades federais sofreram, principalmente nos anos de 2020, 2021 e 2022”, completou a pasta federal.