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Maysa Polcri
Publicado em 1 de dezembro de 2024 às 00:22
O público baiano atendeu ao pedido da produção da turnê Caetano & Bethânia e começou a chegar cedo à Arena Fonte Nova, em Salvador. Três horas antes do início da apresentação, famílias inteiras já aguardavam. Em muitos casos, sentados no chão para garantir seus lugares próximos ao palco. Com "atraso" de apenas quatro minutos, os irmãos Veloso subiram ao palco e foram ovacionados pela plateia.
Caetano vestia um terno branco e Bethânia, um conjunto vinho, com adereços dourados. Ele ficou com o telão da esquerda. O da direita ficou reservado para a irmã. Tão logo subiram ao palco, deram início a primeira canção “Alegria, Alegria” - música que marcou o início do movimento Tropicalista, em 1967. Os irmãos arriscaram passos de dança e distribuíram sorrisos, beijos e acenos aos fãs que aplaudiram ao final de todas as músicas.
Entre os irmãos, o clima parecia ser de nostalgia. Caetano e Bethânia haviam feito apenas uma turnê juntos, no final da década de 1970. Em "Oração ao Tempo", o telão atrás do cantor mostrou fotos antigas da família, natural do Recôncavo baiano. Em "Samba de Dois", os passos de samba tímidos dos Veloso foram acompanhados pelo público, que gritou quando uma foto de Dona Canô, matriarca da família, surgiu no telão.
O sentimento de nostalgia foi compartilhado entre fãs na plateia. Outros acompanharam de perto a apresentação dos irmãos pela primeira vez. Grupos de famílias inteiras estavam com os ingressos comprados desde que as vendas começaram.
Caso da advogada Cleo Diniz, 55, que mora em Petrolina (PE) e enfrentou oito horas de ônibus para estar presente nos shows dos irmãos em Salvador. Além dela, outras quatro pessoas da família. Apesar de não ser estreante na plateia de um show dos Veloso, a sensação era essa.
"Compramos os ingressos no dia de abertura das vendas. Não é meu primeiro show, mas esse encontro histórico é imperdível", disse. Hospedada em um hotel no Rio Vermelho, Cleo contou que diversos turistas encheram, ao menos, seis vans em direção ao evento. "Pensamos em ir em shows em outra cidade. Mas Salvador é Salvador. Sabemos que aqui será especial", completou.
Larissa Paim, 34, que preferiu viajar para assistir ao show em Salvador do que em São Paulo, cidade onde mora. "Um show maravilhoso desse, não teria como eu assistir em outro lugar. Precisava estar em Salvador", disse. A fã estava acompanhada de outras oito pessoas, inclusive a avó, de 76 anos.
Ao longo de todo o show, foram feitas homenagens aos artistas-amigos de Caetano e Bethânia. Gal Costa foi lembrada em "Baby" e "Vaca Profana". Em "Filhos de Gandhi", uma imagem de Caetano e Gil no desfile de Carnaval foi projetada no telão. Se quando a turnê passou em Brasília, a música surpresa escolhida para a apresentação foi "Flor do Cerrado", em Salvador, a canção especial foi "Você Já Foi a Bahia?", de Dorival Caymmi.
Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi quando Caetano Veloso cantou uma sequência de músicas solo. Em "Sozinho", o público, emocionado, acendeu as lanternas dos celulares. Vieram, em seguida, "O Leãozinho", "Você Não me Ensinou a te Esquecer" e "Você é Linda". A sequência solo foi encerrada por "Deus Cuida de Mim", composição de Caetano com o pastor Pedro Lucas.
"Canção que representa minha vida e a importância enorme que sou ao fenômeno do crescimento das igrejas evangélicas no Brasil", falou Caetano, em uma das poucas interações com o público.
Depois, foi a vez de Bethânia começar sua parte solo, com "Brincar de Viver". A cantora apareceu com outra vestimenta: um conjunto com brilhos, sobretudo verde e detalhes dourados. Ao final da apresentação, encerrada com dança e acenos à plateia, os irmãos agradeceram ao público baiano.
Quem ficou com gosto de quero mais, terá mais uma oportunidade de ver o show da dupla em Salvador. Uma data extra foi aberta para o dia 8 de fevereiro, na Arena Fonte Nova. Fãs que compraram ingresso para o primeiro show terão 60% de desconto na segunda apresentação. A exceção são as pistas.