Noivo de delegada confessa crime e dá detalhes em depoimento: 'Foi o cinto'

Ele alega que perdeu controle durante briga: "Eu não sou um monstro, eu não sou um bicho"

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Publicado em 13 de agosto de 2024 às 12:48

Tancredo Neves Feliciano de Arruda
Tancredo Neves Feliciano de Arruda Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Preso pela morte da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, o companheiro dela, Tancredo Neves Feliciano de Arruda, confessou que a assassinou estrangulada usando um cinto. Ele contou que em menos de 1 minuto a mulher desacordou e afirmou ter perdido o controle. Tancredo está preso por feminicídio. 

No depoimento, nesta segunda-feira (12), Tancredo alegou que Patrícia teria partido para cima dele no carro, durante uma discussão e que ela o teria ameaçado com uma arma. "Não é legal lembrar, eu não sou um monstro, eu não sou um bicho. Foi o cinto, véi. Ela veio para cima de mim, nessa hora eu perdi a cabeça", diz. Os policiais questionam como aconteceu a cena e ele diz que enrolou o cinto no pescoço da delegada e puxou para trás.

Tancredo diz ainda que não tinha certeza que a delegada estava morta e desceu do carro em direção à estrada. Foi nesse momento que teria decidido inventar a história do sequestro. "Eu decidi ligar e contar o que aconteceu, mas eu fui com medo do que podia acontecer porque ela era delegada", explica.

Veja trecho:

Briga

O acusado diz que o casal brigou antes de ir a um bar, em Santo Antônio de Jesus, na noite de sábado (10). "Na noite do ocorrido, eu estava em Santo Antônio, eu já tinha falado com ela que eu queria embora. Não estava aguentando algumas situações. Patrícia é uma pessoa muito agressiva, sempre foi uma pessoa muito agressiva. Eu tinha feito a minha mala para sair de casa. Quando eu falei isso, ela não deixou, ela pegou a arma. Tanto que quando vocês chegaram [policiais], a arma estava lá em cima da mesa. Depois de tudo o que aconteceu em casa, ela se acalmou mais, a gente decidiu sair, ir para rua, 'ah, vamos tentar de novo'", alegou.

Os dois ainda passaram em dois restaurantes antes de seguir para Salvador, mas Patrícia teria continuado a insistir em discutir a relação. "Quando passou do primeiro pedágio, ela estava dormindo e não aconteceu nada, ela acordou. E eu disse: 'Patrícia, vamos aproveitar que estamos indo para Salvador, deixa eu passar um tempo lá'. E aí começou de novo com as ameaças, a gritaria. Mas eu não tinha medo das ameaças, mas nesse dia ela puxou o volante e a gente foi parar onde a gente parou", recontou.

Ele disse que a delegada o ameaçou, e que isso era rotineiro. "Ela puxou o volante e a gente entrou no mato, e ela disse: 'Agora que eu vou botar para f* em você. Vou acabar com a sua vida, vou matar sua mãe, seu pai, sua filha, seu irmão'. Coisas que ela já fazia, inclusive por telefone. Tem todos os registros de quando eu tentei me afastar. Já foi atrás de mim em Salvador, em Itamaraju, e não foi a primeira vez. Patrícia não aceitava o término, e eu amava ela. Mas sempre voltava o mesmo lugar", afirmou. O crime teria acontecido nesse momento. 

Tancredo tem uma série de passagens pela polícia em seu histórico. Além de ter sido preso por agressões contra a vítima anteriormente, Tancredo Neves foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. Ele também já tinha sido detido por agressão a Patrícia em Santo Antônio de Jesus, onde a vítima trabalhava e residia. Em maio deste ano, o suspeito foi levado à delegacia com base na Lei Maria da Penha, depois de ter quebrado um dos dedos da esposa. A Justiça decretou uma medida protetiva em defesa da vítima, mas o casal se reconciliou e Tancredo Neves foi solto.