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Raquel Brito
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 05:00
Se na campanha eleitoral de 2022 Geraldo Júnior (MDB) gostava de se comparar com Geraldo Alckmin (PSB), na gestão essa equiparação perde o sentido. Enquanto o vice-presidente demonstra responsabilidade na gestão dos recursos públicos, o vice-governador mostra-se um gastador excessivo.
No seu primeiro ano, o emedebista aumentou em 174% as despesas na Vice-Governadoria em relação a 2019, o primeiro ano após a reeleição de seu antecessor, o atual deputado federal João Leão (PP). Segundo dados do próprio governo da Bahia, divulgados pelo Portal da Transparência, foram R$8,65 milhões gastos pelo atual vice-governador em 2023 contra R$3,15 milhões do progressista um ano antes. Houve um crescimento de R$ 5,5 milhões nos gastos. Na comparação com a média dos quatro anos da gestão passada (2019-2022), Gerado Júnior elevou em 165% as despesas.
O valor gasto pelo vice-governador em 2023 seria suficiente para a construção de sete postos de saúde nos moldes da Unidade de Saúde da Família (USF), que foi entregue em São Marcos em setembro de 2022. Foi investido pouco mais de R$1,2 milhões para erguer a estrutura. Com esses recursos, seria possível também levantar duas escolas infantis, como o Centro Municipal de Educação Infantil Semente do Amanhã, que custou R$2,5 milhões e foi entregue em fevereiro de 2021.
As despesas da Vice-Governadoria, sob o comando de Geraldo Jr., são compostas principalmente com vencimentos e vantagens fixas para o pessoal militar, que configuraram R$3,43 milhões em 2023. O número equivale a um crescimento de 390% em relação aos gastos com pessoal militar em 2019, quando R$790 mil foram destinados para essa finalidade. No primeiro ano após a reeleição de Leão, os recursos eram injetados majoritariamente com pessoal civil.
De acordo com os dados da Transparência, o vice-governador ainda despendeu R$1,14 milhão em "despesas variáveis" para o pessoal militar. O governo não detalha o que seria “despesas variáveis”.
Em julho de 2023, o presidente da Associação dos Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra-BA), Marco Prisco, disse que Geraldo Jr. tinha na época uma equipe de 33 seguranças e achava “pouco”. À rádio Metrópole, o emedebista chegou a dizer que pediria “mais 40” ao governador Jerônimo Rodrigues (PT).
No início deste ano, por causa das eleições, Geraldo Júnior, que é pré-candidato a prefeito de Salvador, teria dispensado os guarda-costas para evitar críticas na campanha. Questionado sobre a possível demissão, ele se esquivou. “A nossa segurança é o povo. Vamos falar do Carnaval”, declarou.
Na eleição de 2022, uma das peças publicitárias governistas era a comparação entre Geraldo Jr. e Alckmin. “É Lula lá, Jerônimo cá. Geraldo lá, Geraldo cá”, dizia Jerônimo. No entanto, como gestores, a equiparação não é válida. O vice-presidente reduziu 75,34% as despesas em 2023 em relação ao ano anterior.
João Leão se mostrou surpreso com a elevação dos gastos no seu antigo cargo. “Eu gastava esses R$3 milhões todos? Ainda estou achando muito. Eu sou muito econômico, gasto muito pouco, gosto das coisas na base da economia. Eu procuro tratar os recursos públicos como se públicos fossem”, afirmou.
Geraldo Jr. culpou seu antecessor pelas despesas. “Os gastos estão lá estabelecidos, de 2022, 2023, que era o ex-vice-governador, e você vê que há uma estabilidade, uma manutenção do que lá está. São as forças ocultas que continuam trabalhando dentro do processo”, disse. O vice afirmou ainda que disponibilizaria ao CORREIO a relação detalhada dos seus gastos, mas não fez.
Colaborou Larissa Almeida.
*Sob orientação do editor Rodrigo Daniel Silva