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Millena Marques
Publicado em 2 de novembro de 2023 às 11:51
A última coisa que passou pela cabeça da administradora Andréa Aragão, 41 anos, é que poderia estar contaminada com o vírus da Covid-19 após ter tomado três doses da vacina. Assim como tantos outros contaminados, a moradodora de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), só descobriu a doença porque trabalha em uma clínica de saúde mental e foi orientada por uma colega enfermeira a realizar um teste rápido. >
"Imaginei que fosse virose, pois é o cenário que estamos vivendo, né? Ninguém fala mais sobre Covid, não fazem teste. Então não passou pela minha cabeça ser Covid. Pensei que fosse uma virose, um resfriado", conta Aragão. >
Distante do auge da pandemia, os sintomas similares aos de um simples resfriado dificultaram o diagnóstico da doença, que tem se espalhado com maior facilidade na Bahia nos últimos dias. >
De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), divulgados nesta quarta-feira (1), o estado registrou 645 casos de Covid entre os dias 24 e 28 de outubro. Esse número representa um crescimento de 131,2% dos casos quando comparado à semana anterior, quando 279 casos foram registrados. >
Aragão entra na lista de contaminados dias depois desse levantamento. Os sintomas de moleza no corpo, garganta inflamada e alteração de olfato e paladar se manifestaram na última sexta-feira (27), quando teve uma indisposição fora do comum. Após passar o final de semana relativamente bem, a administradora recebeu a confirmação por meio de um teste rápido, realizado no próprio trabalho, na segunda-feira (30).>
Dias antes da manifestação dos sintomas, o marido de Andréa, o arquiteto Rodrigo Castro, 48, foi a uma emergência com sintomas similares. "Achei que era gripe, pois antes tinha tido uma fraca, pensei que fosse a mesma coisa. No entanto, fui piorando e acabei ficando uns 15 dias com sintomas da tosse", disse Castro, que não chegou a realizar o teste, mas acredita que tenha passado o vírus para a esposa. >
Essa não é a primeira vez que a administradora é diagnosticada com Covid. Um ano após tomar a terceira dose do imunizante, ela foi contaminada. No entanto, a forma como o vírus atuou desta vez foi menos impactante. >
"Parece ser um ciclo mais rápido, então do dia que senti o primeiro sintoma, consegui preservar minha rotina, cumprir minhas atividades. Na sequência, precisei me afastar do trabalho para não contaminar outras pessoas. Como foi mais rápido, foi mais fácil reorganizar o processo", afirmou Aragão, que já recebeu o resultado de um teste negativado na quarta-feira (1).>
Esse quadro mais leve é consequência da vacina, principalmente para pessoas que completaram todo o ciclo. É o que aponta a médica infectologista Áurea Paste, coordenadora da residência de Infectologia do Instituto Couto Maia (Icom). >
"A apresentação clínica atual da covid é um quadro leve. Habitualmente, um pouco de dor de cabeça, coriza, obstrução nasal, tosse seca e febre baixa. Às vezes até sem febre", explica. >
Para evitar o aumento de contaminações, Paste mantém orientações já conhecidas pela população em casos gripais, que podem ser resfriados comuns, gripe, covid ou qualquer outro vírus respiratório: uso de máscaras, busca por assistência médica e evitar aglomerações. >
"Se está com sintoma gripal, use máscara até ter um diagnóstico acertado. No início do quadro, há uma alta transmissão viral, porque o vírus fica na secreção respiratória. Então, tosse e espirro o disseminam com muita facilidade", pontua.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >