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Wendel de Novais
Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 10:48
A redução de fornecimento de água em Salvador e Região Metropolitana (RMS) divulgada pela Embasa na terça-feira (27) se converteu na ausência do recurso para diversos bairros da capital, como Águas Claras, Cajazeiras, Valéria, Boca da Mata, Jardim Nova Esperança e outros. No Condomínio Eunice Waiver, em Águas Claras, o problema vai além: a água deixou de cair desde a última sexta-feira (23). >
No sábado (24), de acordo com Régia Costa, síndica dos blocos do setor Nordeste do condomínio, os tanques já estavam secos e assim continuam nesta quarta-feira (28), completando seis dias sem abastecimento. Apesar de chegar ao seu auge nesta semana, a síndica destaca que o problema não é novo e que o local ficou sem água repetidas vezes ao longo dos últimos meses. >
"A situação está crítica desde a sexta-feira passada, mas a falta de água é recorrente desde novembro do ano passado. A justificativa são obras ao redor do nosso condomínio, mas não vem acompanhada de uma resolução. Na sexta-feira, chegou o auge. A gente está passando dias sem um pingo de água na torneira", explica ela, que já foi à empresa diversas vezes.>
Síndico do setor Sudoeste do condomínio, Josenilton Carneiro relata que, juntamente com Régia, abriu ao menos dez protocolos de reclamações junto à Embasa. Como retorno, a empresa afirma que vai fornecer carros pipas para suprir a ausência de água. No entanto, desde que o problema começou na última sexta-feira, a promessa não foi cumprida.>
"Prometem sempre caminhões pipas para auxiliar e, praticamente, nunca chegam. De dezembro para cá, só chegou dois caminhões. Desde sexta, apesar dos pedidos, não chegou. Usou todo o recurso em caixa para abastecer os 15 blocos que temos no condomínio. São quase R$ 19 mil em água gastos em um mês", diz ele. >
Ao todo, nos dois setores do condomínio, 496 famílias estão desastenciadas por conta de ausência de água. Na frente do local, em poucos minutos se vê moradores com baldes e sacos de roupa em mãos. "A gente precisa ficar se deslocando para lavar roupa e até pegar água para cozinhar. Estamos cansados porque não é só agora que está a pior fase. Desde o ano passado, nós sofremos", conta Yaslan Rocha, 45 anos, morador do condomínio.>
Outros bairros nas proximidades da BR-324 passam pelo mesmo, como conta a Maria Silveira, 57, que mora em Valéria. "Está sem água desde ontem [terça-feira] e hoje continua assim. Na verdade, desde o final de semana, vai e volta. Eles falaram que ia reduzir e o que já era pouco virou nada. A pia está cheia de prato e o cesto cheio de roupa para lavar", conta ela.>
Na região de Brotas, nas localidades mais altas, o problema é parecido. Com pouco fornecimento, a água não chega. "Tem faltado água regularmente. Dessa semana passada pra cá, três dias não teve. Sexta-feira, sábado e ontem [terça-feira]. Não afetou muito o serviço porque a gente só estava fazendo limpeza, sem lavar o carro. Então, não parou", conta um homem que prefer não se identificar e trabalha em um Lava Jato no Acupe de Brotas.>
O músico Marcos Bezerra, 47, que também é morador do Acupe, conta, porém, que está sendo afetado pela falta de água. "Aqui sempre falta água. Segunda-feira, quando foi às 22h, já não tinha mais água. Voltou só 10h30 da manhã de terça-feira e tinha que dar banho antes nas meninas, mas não tinha como é precisei levar para a casa da tia. Fazer almoço também não deu. O pior é a falta de aviso, que não deixa quem não tem tanque se precaver", reclama ele, dizendo que a água voltou nesta quarta-feira, ainda que em um volume baixo.>