Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Larissa Almeida
Publicado em 7 de março de 2025 às 15:39
O perfil das vítimas de violência doméstica na Bahia é predominantemente feminino. Mulheres negras, solteiras e com filho são as principais afetadas por agressões dentro do ambiente doméstico. Isso é o que mostra um estudo do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), que levou em conta as características das mulheres que, ao fazerem denúncia por meio da Lei Maria da Penha, solicitaram Medidas Protetivas de Urgência (MPU).>
Do total de vítimas que tiveram o perfil analisado pelo estudo, 86,46% eram mulheres negras, que agregam as seguintes classificações de raça: negra, preta e parda. Em seguida, aparecem as vítimas brancas (11,53%), amarelas (1,73%) e indígenas (0,29%). >
A desembargadora Nágila Maria Sales Brito, presidente da Coordenadoria da Mulher no TJ-BA, disse que recebeu com surpresa a proporção de mulheres negras vítimas de violência doméstica que, segundo ela, é muito maior do que em outros estados. “Ficamos bastante preocupados com um percentual tão grande em relação às vítimas negras. [...] É algo que precisamos pensar juntos em estratégias e políticas públicas para mudar esse estado de coisas”, ressalta.>
As agressões registradas dão conta de que mulheres de 12 a 89 anos foram vítimas de violência doméstica. Contudo, a maior parte dos casos ocorrem na faixa etária de 30 a 39 anos (34,19%). Na sequência, estão as faixas etárias de 19 a 29 anos (25,96%) e 40 a 49 anos (22,88%). >
Um ponto que chama atenção é que mais da metade das vítimas (58,17%) declara ter filho em comum com o agressor. O fato de nem um vínculo parental ser capaz de frear a violência sofrida por mulheres reflete casos que têm se tornado cada vez mais frequentes nos noticiários. >
No dia 2 de janeiro deste ano, uma mãe foi vítima de tentativa de feminicídio na frente do filho de 8 anos, no bairro de Narandiba, em Salvador. Segundo informações policiais, ela foi esfaqueada pelo ex-companheiro, que é pai do garoto. No boletim de ocorrência da Polícia Civil consta a informação de que o ex-companheiro não aceitava o término da relação e agrediu a vítima com golpes de faca. >
A mulher, de 46 anos, que não teve sua identidade divulgada, foi ferida na região do pescoço, costas e tórax. Ela estava com a criança em uma via pública, na Avenida Edgar Santos, quando foi atacada pelo homem. >
Apesar de grande parte das agressões contra mulheres serem cometidas pelos companheiros, apenas 18,36% são casados com as vítimas e 13,97% têm união estável. A maioria das mulheres agredidas são solteiras (55,34%) e uma pequena parcela é separada ou divorciada (10,14%). >
No que diz respeito à escolaridade o perfil das vítimas indica que a maioria tem Ensino Médio Completo (31,02%), enquanto a minoria possui pós-graduação (2,14%). Além disso, 5,88% das mulheres violentadas foram consideradas não alfabetizadas. Em 52,05% dos casos, não foi possível identificar o nível de instrução da vítima. >
Já no tocante à ocupação, ficou constatado que a maioria das vítimas tinha alguma fonte de renda como autônoma/informal (34,98%), na condição de emprego formal (29,33%), ou de aposentada/pensionista (6,01%). Uma porcentagem de 35,69% das vítimas não possuía ocupação relacionada à fonte de renda, sendo: dona de casa (20,49%), estudante (4,95%) e desempregada (4,24%). Dos 380 processos analisados, 27,44% não disponibilizavam informações sobre a ocupação das mulheres. >