“Não tem nada para descrever a dor que estamos sentindo”, diz parente de vítimas do acidente em Madre de Deus

Três vítimas foram sepultadas no Cemitério Jardim da Eternidade; despedida reuniu centenas de pessoas

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  • Larissa Almeida

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 22:37

Corpo de três vítimas de acidente com barco em Madre de Deus foram sepultados no cemitério da cidade Crédito: Ana Lúcia Albuquerque/CORREIO

Uma multidão se reuniu no Cemitério Jardim da Eternidade, em Madre de Deus, para se despedir de três vítimas de afogamento, após acidente com um barco que deixou a Ilha Maria Guarda rumo ao píer da cidade, comportando 25 pessoas. Vale salientar que a embarcação tinha capacidade para, no máximo, 11 tripulantes, segundo o delegado da cidade. Entre amigos, familiares e conhecidos de Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos, Caroline Barbosa de Souza, de 17 anos e Jonathan Miguel de Jesus Santos, de 7 anos, um mergulhador, que preferiu ter sua identidade preservada, falou sobre a dor de perder cinco parentes e um amigo de uma só vez.

“É inestimável. Não tem nada para descrever a dor que estamos sentindo. Quando a gente perde um já é doloroso, imagina só perder seis de vez. Eu moro no fundo da casa, enquanto minha irmã, minhas duas tias e meus quatro primos viviam na casa no térreo e na casa do primeiro andar. Perdi uma tia, minha irmã e meus primos. Nossa convivência era maravilhosa. No dia que um não via o outro, me chamavam e comiam do meu rango. Agora, só Deus para preencher o que está vazio”, disse.

Os corpos de Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos, e Caroline Barbosa de Souza, de 17 anos, foram velados nos dois salões principais do cemitério. O corpo de Caroline foi o primeiro a ser sepultado, por volta das 17h. Em seguida, às 17h35, foi a vez do sepultamento de Flaviane. Dois familiares, que estavam inconsoláveis, precisaram ser socorridos pela ambulância depois de desmaiar.

Amiga da família de Caroline de Souza, a dona de casa Vanda Santos, 47 anos, estava na festa que ocorreu em Ilha Maria Guarda, e se mostrou inconformada com a morte dos entes queridos. “Foi uma festa maravilhosa, sem violência, sem nada. Na volta foi que deu isso. Era para estar todo mundo aqui, hoje, vivendo uma vida normal. Esse passeio todo mundo faz, inclusive eu ia fazer um na quarta-feira para comemorar meu aniversário. Agora não vou mais, porque traumatizei”, declarou.

Por sua vez, o namorado de Caroline de Souza, identificado como Enderson Rosa, precisou ser amparado reiteradas vezes pelos amigos. Ele, que estava no barco e conseguiu salvar a filha do casal, a pequena Laura Sofia, de um ano, após colocá-la dentro de um cooler, demonstrou culpa por não conseguir salvar a namorada. “Eu não consegui tirar ela, eu não consegui”, repetiu ele durante o velório.

O corpo de Jonathan Miguel de Jesus Santos, de 7 anos, foi o último a ser sepultado, por volta das 18h, depois de ser velado em uma capela anexa ao cemitério. A mãe, bastante abatida, pediu que a imprensa não registrasse o momento do sepultamento e o pedido foi atendido. Assim como ela, nenhum familiar ou amigo da família quis dar entrevista.