'Não havia arma, nem droga': moradores contestam versão da PM sobre ação que matou jovem de 18 anos

Wendell de Aragão Pinto Ferreira dos Santos foi baleado na Lagoa da Paixão no último domingo (15)

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Publicado em 17 de setembro de 2024 às 08:55

moradores contestam versão da PM sobre ação que matou jovem de 18 anos
Moradores contestam versão da PM sobre ação que matou jovem de 18 anos Crédito: Arisson Marinho / CORREIO

Amigos e familiares de Wendell de Aragão Pinto Ferreira dos Santos, 18 anos, que morreu após ser baleado por policiais no último domingo (15), realizam protesto na manhã desta terça-feira (17) na Estrada do Derba, que teve uma das vias interrompidas no bairro. Os manifestantes contestam a versão da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) sobre a ação que acabou na morte do jovem. Por meio de nota, a PM-BA informou que, na ocasião, agentes teriam encontrado homens armados em motocicletas que atiraram contra eles.

As pessoas próximas a Wendell, que realizaram o protesto, afirmam que a informação não é verdadeira. "Eles perseguiram os meninos e, depois de abordar os meninos rendidos, eles balearam os dois. Não havia arma, nem droga. Se tivesse arma, eu queria que provasse, mostrasse o laudo da perícia com a pólvora na mão dele, tudo certinho, porque assim, se existe lei, tem que ter prova, tem que provar", fala uma familiar do jovem, que prefere não se identificar por medo de represálias.

Um amigo, que também não revela o nome pelo mesmo motivo, garante que Wendell não tinha qualquer envolvimento com crime e, por isso, a versão da PM não procede. "Não bate, não tem lógica. Se houvesse alguma lógica, teria algum furo na viatura. Alguma prova que houve troca de tiro. Não houve. Cadê a prova? Não tem prova. De arma? Não tem. Wendell é negro, pobre e mora em favela. Essa aí é a causa da morte dele", diz o amigo.

Ele afirma ainda que o caso de Wendell se trata de uma execução. "A moto já estava parada, eles estavam rendidos no chão, estavam os dois rendidos. Um tiro de 7,62 [fuzil] em uma pessoa desarmada, pra mim, é execução", afirma ele. No dia em que foi baleado, Wendell foi conduzido pelos próprios familiares para o hospital. Em nota, a PM informou que a população não permitiu que ele e o outro jovem que foi baleado fossem conduzidos pelos agentes.

A nota da PM ainda deu detalhes do que foi relatado pelos agentes envolvidos na ação. "Ao perceberem a presença da polícia, os suspeitos atiraram contra a guarnição, que revidou. Após o confronto, foram encontrados dois suspeitos feridos", afirmou a corporação. Os moradores da Lagoa da Paixão afirmam que querer realizar uma semana de protestos para cobrar justiça pela morte de Wendel.