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Wendel de Novais
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 12:34
A atual namorada do americano Zachary Modi Mikaya, 30 anos, esfaqueada por ele pelas costas no último final de semana, já recebeu alta e disse à polícia que não sabe porque foi atacada. Ela afirmou que Zachary nunca demonstrou sinais de violência e o ataque aconteceu sem nenhum tipo de briga ou desentendimento que o precedesse. O americano morreu nesta terça-feira (5), ao cair do segundo andar de um hotel no Stiep, depois de pular quando estava prestes a ser preso pela polícia.
Falando duas vezes à delegada Mariana Ouais, da 14ª Delegacia, a mulher descreveu um relacionamento harmonioso. "Disse que a relação deles era muito boa, nunca teve episódio de agressão, comportamento mais explosivo da parte dele. Relação que ela dizia que era muito boa. Uma pessoa que sempre tratou ela muito bem, segundo ela, não teve discussão, desentendimento entre eles, então pode ter sido um surto", acredita. A namorada ouvida pela polícia estava com o americano há quatro meses. Antes disso, de acordo com informações, ele mantinha relacionamento com uma baiana do interior, que rompeu com ele e saiu de Salvador após passar um tempo morando no bairro do Rio Vermelho.
Depois de esfaquear a namorada no bairro da Barra, no domingo, o americano ainda é suspeito de seguir até a Graça, onde esfaqueou um taxista, que segue internado no Hospital Geral do Estado (HGE), sem risco de morrer.
Zachary chegou a ser preso em março desse ano, depois de ser denunciado por uma garota de programa, que disse que ele a esganou depois de se recusar a pagar pelo programa. Na época, ele saiu em liberdade após pagar fiança e usou tornozeleira eletrônica até agosto. "Em agosto essa medida foi retirada, e ele não estava sendo monitorado", diz a delegada. "Os advogados dele me disseram que houve solicitação ao Judiciário para fazer retirada dessa medida restritiva da tornozeleira. Certamente devem ter comprovado que não existia mais necessidade de fazer esse monitoramento", acrescenta a delegada.
Mesmo com o crime praticado em março, Zachary não tinha um pedido de deportação em aberto. A delegada Mariana Ouais, no entanto, explica que isso ainda poderia acontecer caso o mandado de prisão preventiva desta terça-feira (12) fosse cumprido. "Nesse pedido de prisão preventiva, a gente já tinha solicitado a apreensão do passaporte dele. Essa parte de deportação e extradição se vê com a Polícia Federal. A gente estava em parceria com a PF para que, assim que a prisão fosse efetuada, eles tomariam a frente dessa parte aí [de deportação]", completa, explicando que o pedido de extradição só é possível a partir da existência e do cumprimento de um mandado de prisão, o que não ocorreu antes.
No domingo à noite, depois dos ataques, Zachary foi até o hotel no Stiep e usou um documento falso para se hospedar - uma carteira de motorista dos EUA com nome de Connor Samp. O delegado Nilton Borba, da 7 Delegacia, diz que ele cortou os cabelos e estava com outra aparência em relação à última prisão. Mesmo assim, foi localizado no hotel através do trabalho de inteligência da Polícia Civil.
As equipes das duas delegacias foram até o hotel na manhã de hoje para cumprir mandado de prisão contra Zachary, acusado de tentativa de feminicídio e tentativa de homicídio. "A gente nem conseguiu conversar. Quando a gente abriu a porta, o pega-ladrao estava colocado, e só abre poucos centímetros. Quando ele percebeu a presença da polícia, ele se arremessou por duas vezes. Primeiro bate, quebra o vidro. Aí ele volta, se fere nos vidros quebrados já no chão, tem resíduo de sangue na cama, onde ele se apoiou, e também no chão", descreve a delegada. Zachary então se jogou novamente, conseguindo quebrar o vidro.
Ela acredita que Zachary estava tentando escapar. "Tentativa de fuga com certeza, porque se tivesse intenção de efetivamente se suicidar, não esperaria chegada da polícia. Acho que foi tentativa de fuga. Nós solicitamos exame toxicológico para saber se efetivamente ele estava sob influência de entorpecente, mas não retiro essa possibilidade", acrescentou. Não foram encontradas drogas no quarto de hotel.
O americano veio para o Brasil acompanhando uma ex-namorada baiana, com planos para ficar seis meses. Como trabalhava remotamente como engenheiro de software, ele acabou estendendo sua permanência aqui.