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Wendel de Novais
Publicado em 15 de janeiro de 2024 às 13:48
O novo atraso na implementação das câmeras nas fardas de policiais militares comunicado pelo governador Jerônimo Rodrigues no último sábado (13) decepcionou organizações que acompanham o processo desde a sua licitação. Em dezembro, Jerônimo projetou a presença do equipamento no fardamento já no Carnaval, mas voltou atrás. Ao todos, seriam utilizadas 1,3 mil câmeras, sendo 1,1 mil da empresa vencedora da licitação e 200 fornecidas pelo Governo Federal ao estado.
O governador explicou que o Governo pediu mais tempo, mas não deu detalhes sobre as câmeras vindas da empresa, que chegariam no início do ano. Wagner Moreira é coordenador da organização civil Ideas Assessoria Popular, que participou do processo de licitação e da prova-conceito da empresa. Para ele, há desorganização no processo de implantação das câmeras por parte da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), que não convidou organizações para esta etapa.
“Assim como houve abertura para acompanhar o processo de licitação, deveria haver a possibilidade de participar do processo de implementação, discutindo sobre o formato. A abertura para que a gente participasse da licitação foi importante, mas a gestão falha em não dar continuidade a isso, discutindo sobre o formato. E falha duplamente porque faz na base do improviso e não do planejamento e de quem sabe o que vai fazer a partir de agora", reclama Wagner.
A SSP-BA foi procurada para informar o nível de preparo dos agentes para implantação das câmeras a partir da chegada do material e quanto tempo seria necessário para ter o equipamento em funcionamento, mas não respondeu. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA), que acompanharam a licitação e a prova-conceito, também foram questionados sobre o atraso e se tomarão alguma medida para dar celeridade ao processo, mas não retornaram até o fechamento desta matéria.
Wagner Moreira entende que ter as câmeras já no Carnaval seria essencial pelo histórico de eventos que há no período. "O Carnaval é notável na história da Segurança Pública da Bahia. Foi na véspera do Carnaval que ocorreu a Chacina do Cabula e também nesse período em 2022 que ocorreu a Chacina da Gamboa. No Carnaval, é importante ter um controle e uma leitura maior da corporação, quando se concentra o grosso da PM na capital pelo tamanho da festa. Então, seria muito desejoso ter uma estratégia que pudesse implantar essas câmeras já nessa época”, completa.
A SSP-BA divulgou o resultado da licitação para a contratação das câmeras no dia 6 de dezembro de 2023. Após a formalização e assinatura do contrato, a empresa vencedora, a paulista Advanta Sistema de Telecomunicações e Serviços de Informática, teria 60 dias para fornecer as primeiras 1.100 câmeras, totalizando 3.300 em um ano.