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Gilberto Barbosa
Publicado em 15 de abril de 2025 às 18:10
A morte da estudante universitária Ana Luiza Silva dos Santos de Jesus, 19 anos, é a quinta causada por bala perdida em Salvador em 2025. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, todas as vítimas são mulheres e quatro delas são negras. A outra vítima não teve o recorte racial identificado. Ao todo, dez pessoas foram atingidas por balas perdidas na capital, sendo nove do sexo feminino. >
Ana Luiza morreu durante uma ação da Polícia Militar (PM) no bairro da Engomadeira, na tarde do último domingo (13). Ela tinha acabado de voltar da casa de uma amiga, quando foi atingida na barriga. A família acusa a polícia. >
A morte da jovem é a quarta ocorrida durante ações policiais, que também resultaram em outros dois feridos. Ainda segundo o Fogo Cruzado, o número de mortos em ações de agentes de segurança em 2025 é maior do que todo o ano de 2024. No ano passado, duas pessoas morreram e outras dez ficaram feridas. >
“Esse tem sido o padrão da violência armada em Salvador e na Região Metropolitana, com uma participação significativa da polícia nesses eventos. Não temos uma política de segurança que visa a proteção da vida, mas que é pautada na violência letal, na ocupação dos territórios negros e na exposição constante da população baiana, sobretudo negra e periférica, à violência letal no seu dia a dia. Essa política é o exemplo mais nítido da crise de um modelo que precisa ser superado no Brasil”, afirmou Dudu Ribeiro, integrante da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia. >
A primeira morte desse ano foi registrada no dia 5 de janeiro. Lara Lis Santos Rangel, 6 anos, foi baleada no rosto enquanto dormia em sua casa no Alto da Terezinha, no dia 1º, depois da celebração do Reveillón. Ela foi levada para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu. >
Três mortes ocorreram no mês de março. A dentista Larissa de Azevedo foi morta após ser atingida no tórax durante um tiroteio entre policiais e criminosos na Avenida Paralela no dia 14. Ela teve o pulmão perfurado e ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Roberto Santos por cerca de dez dias, mas não resistiu. >
No dia 25, uma mulher identificada como Marina Sodré morreu após um tiroteio entre PMs e suspeitos ser registrado no bairro de Narandiba. Uma adolescente de 17 anos ficou ferida no incidente. As duas foram encaminhadas ao Hospital Geral Roberto Santos, mas Marina não resistiu. A população acusa os policiais de chegarem atirando no local. >
A última morte ocorreu no dia 28. Maria de Jesus da Silva, 87 anos, morreu após ser atingida enquanto almoçava dentro de casa, no Vale das Pedrinhas, na manhã do dia 27. O caso aconteceu durante uma ação da PM na região. Ela foi encaminhada ao Hospital Geral do Estado, mas não resistiu. Um policial ficou ferido e um suspeito foi morto na mesma situação. >